Aldo de tanque cheio
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Correio BrasilenseCorreio Brasilense, 24/09/2005
Aldo de tanque cheio
Governo libera R$ 500 milhões em emendas parlamentares e fortalece campanha do candidato do Planalto à sucessão da Câmara
Aldo, depois do apoio dos partidos de esquerda do governo, o candidato quer atrair parte do PMDB, o PP, PL e o PTB
O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) ganhou um eficaz combustível para irrigar a sua campanha à presidência da Câmara. Numa demonstração de que o governo resolveu mesmo abandonar a neutralidade na luta pela sucessão de Severino Cavalcanti, o Palácio do Planalto anunciou ontem a liberação de R$ 500 milhões em emendas parlamentares individuais. O valor representa quase 25% das emendas previstas para todo o ano. O anúncio, que também ocorre logo após o governo aplicar 23 vetos à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), visa acalmar a base aliada, que segue ainda dividida para a eleição, na quarta-feira, contra o candidato das oposições, José Thomaz Nonô (PFL-AL).
De acordo com o Ministério do Planejamento, os R$ 500 milhões fazem parte de uma folga orçamentária de R$ 820 milhões obtida a partir da reavaliação de receitas e despesas do governo, feita a cada dois meses por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O dinheiro será destinado à aprovação de emendas parlamentares a pedido do ministro de Relações Institucionais, Jacques Wagner. O restante da verba vai para alguns ministérios, especialmente Transportes e Educação.
Questionado se os novos recursos acalmariam as lideranças do Congresso — que manifestaram indignação pelos vetos presidenciais e pelo rompimento de acordos que haviam sido negociadas entre todos os partidos — o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, respondeu: “Não sei se acalma. Estamos liberando o que temos condição de liberar. R$ 500 milhões é um número expressivo”.
Recursos
Para o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS), os vetos presidenciais ao Orçamento não prejudicarão a candidatura de Aldo. “Tenho certeza que as coisas vão andar completamente separadas”, disse o líder. Paulo Bernardo garantiu ser apenas coincidência que o anúncio dos novos recursos para as emendas parlamentares ocorra próximo à eleição do novo presidente da Câmara. “Nós fazemos o relatório todo dia 23 a cada dois meses. Ninguém sabia nem que o Severino Cavalcanti ia sair”, assegurou.
A “coincidência”, porém, não poderia ser mais bem-vinda. Pelos cálculos dos que apóiam Aldo, sua candidatura ainda não está completamente consolidada. Ele conseguiu aglutinar os parceiros de esquerda do governo, especialmente o PSB. O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) retirou sua candidatura para apoiá-lo. Deverá também ter a totalidade do PT a seu favor. Mas tem de trabalhar aval dentro do PMDB e, principalmente, junto aos partidos menores de centro-direita, PP, PL e PTB, que congregam a maior parte do baixo clero e boa parte daqueles que estão envolvidos com as denúncias do mensalão.
O grupo governista do PMDB calcula que pode levar para Aldo de 60 a 50 votos. A coisa se tornará mais fácil se o presidente do partido, Michel Temer (SP), retirar a sua candidatura e partir para o apoio explícito a Nonô. Além do dinheiro do orçamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalhou ainda o reforço da caneta ministerial. Reuniu-se com os três ministros do PMDB — Saraiva Felipe, da Saúde; Hélio Costa, das Comunicações, e Silas Rondeau, das Minas e Energia — com o propósito de colocá-los diretamente no projeto Aldo.
“Plano b”
A discussão com o PP é mais complicada. O partido mantém no páreo duas candidaturas: Ciro Nogueira (PI) e Francisco Dornelles (RJ). Aldo tentará negociar a retirada desses nomes. Pode não ser fácil. Por isso, alguns deputados avaliam que Dornelles poderá ficar um tempo no páreo como uma espécie de “plano b” governista, no caso de Aldo não se viabilizar.
O candidato governista passará o fim de semana em Brasília na companhia de um telefone. Quer chegar na segunda-feira tendo falado com o máximo possível de deputados. Uma de suas preocupações é deixar fora do páreo o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE). Inocêncio já foi presidente da Câmara. Tem trânsito e votos junto ao baixo clero. A segunda conversa considerada fundamental é com o grupo Câmara Forte, ligado ao deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). Em fevereiro, Virgílio foi o terceiro colocado na eleição para a Câmara, com 117 votos.
Mesmo com todos esses movimentos, os aliados de Aldo sabem que não conseguirão evitar um segundo turno. Hoje, Nonô larga com cerca de 180 votos. Aldo, acreditam, terá em torno de 165. Tudo se resolverá na quarta-feira. O segundo turno acontece imediatamente após o primeiro.
DINHEIRO DO ORÇAMENTO
Emendas parlamentares individuais – R$ 500 milhões
Ministérios – R$ 306,1 milhões
Poder Legislativo – R$ 2,2 milhões
Poder Judiciário – R$ 10,2 milhões
Ministério Público da União – R$ 1,6 milhão
Total – R$ 820,1 milhões