Folha Online, 06/05/2004 Aldo Rebelo vê derrota circunstancial no Senado
RICARDO MIGNONE da Folha Online, em Brasília
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), classificou o arquivamento da medida provisória que proibia o funcionamento dos bingos por apenas um voto foi uma derrota circunstancial. Ele disse que a ausência de senadores da base facilitou o trabalho da oposição.
Segundo o ministro, ao perceberem o desfalque na base, os líderes aliados tentaram adiar a votação por meio de um requerimento, mas foram vencidos pela oposição.
As lideranças do governo no Senado tentaram evitar que a votação acontecesse hoje, exatamente devido à ausência de alguns senadores da base, principalmente a do líder do governo, senador Aloizio Mercadante [PT-SP] em função da morte de um ente próximo, mas o PFL e o PSDB venceram a proposta de prosseguir a votação e, como tiveram circunstancialmente maioria aprovaram a derrubada da MP, afirmou Rebelo.
Mercadante teve que viajar para Salvador para comparecer ao enterro do ex-sogro. Quem comandou a base foi o vice-líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR).
Fratura
Questionado se a derrota desta quarta teria exposto uma fratura mais grave na base, Rebelo disse que não há risco de novos reveses no futuro. Não [há fratura] porque o governo tem um histórico de grandes vitórias tanto no Senado quanto na Câmara. O governo tem dado demonstração da eficiência da sua base na votação da maioria dos projetos que apresentou. Nós achamos que não corremos esse risco, disse.
Surpresa
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), um dos vice-líderes do governo na Câmara, disse que a derrota no Senado pegou a base de surpresa e afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisa repreender os aliados que votaram contra a MP dos bingos.
O presidente precisa dar uma dura na base. Nós fomos brutalmente surpreendidos, disse Albuquerque.
Ele atacou os aliados que votaram contra o governo. Até acho que os 32 que votaram contra deveriam fazer uma celebração e comer uma pizza em um dos bingos de Brasília, disse o deputado que citou o nome do senador Geraldo Mesquita (PSB-AC), que votou contra a MP.
Mesquita respondeu ao ataque e disse que a declaração de Albuquerque partiu de alguém que é subserviente ao governo. Eu votei com independência e coerência com o que o governo propôs em janeiro, de regulamentar os bingos.
Sou leal ao governo e acho que com o meu voto mostrei mais uma vez minha lealdade. Ser leal não é votar a favor dos erros do governo, afirmou Mesquita, referindo-se à MP.
Sobre a recomendação para que Lula dê uma dura na base, o senador declarou: Não sou moleque para levar dura de ninguém.
