Aliados pressionam Chinaglia para desistir de presidência da Câmara

Jan 05 2006
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Correio Braziliense, 2/1/2007

Leonel Rocha
Do Correio Braziliense

 

Líderes de vários partidos da base governista no Congresso e até deputados do próprio PT começaram ontem, durante a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a pressionar para que o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) retire sua candidatura à presidência da Câmara. O vice-líder do governo na Casa, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), foi incisivo: “Precisamos construir uma solução para escolher o nome para disputar a presidência da Câmara que não passe pelo PT. O partido já tem bastante espaço”. E argumentou: “O PT vai ficar com toda a área econômica e com toda a área social, além da Presidência da República”, disse Albuquerque, principal auxiliar do trabalho de Chinaglia na Câmara.

Albuquerque argumentou, ainda, que o presidente Lula disse, há mais de dois meses, que o seu preferido para a presidência da Câmara é mesmo o de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), nome defendido pelo vice-líder do governo. “A aliança política que chamamos de coalizão tem que acontecer na Esplanada e também no Congresso”, disse Albuquerque que é um dos coordenadores informais da campanha pró-Aldo. O vice-líder sugeriu a retirada do nome de Chinaglia como critérios para a formalização de uma aliança de todos os partidos governistas, inclusive o PMDB.

O nome de Chinaglia não está seguro nem mesmo no PT. O próprio líder da bancada petista na Câmara, Henrique Fontana (RS), admitiu que a candidatura do petista não é irreversível e pode ser retirada, desde que haja acordo para que a base parlamentar governista lance apenas um concorrente ao cargo. Deputados importantes como José Eduardo Cardozo(SP) e Paulo Pimenta (RS) chegaram a defender o apoio da bancada a Aldo Rebelo, antes do lançamento do nome de Chinaglia.

A possibilidade de retirada da candidatura irrita o deputado Chinaglia. Ele admite correr o risco de dividir a base governista e manter a candidatura, mesmo para concorrer com Aldo Rebelo. “Não vejo problemas para a aliança e mesmo para a unidade parlamentar de apoio ao Palácio a disputa com vários candidatos”, disse o petista. Ele procura desacreditar a informação de que o presidente Lula prefira a reeleição de Aldo Rebelo. “O presidente não disse a ninguém o nome da sua preferência”, reagiu.

Chinaglia aposta no acordo formal com o PMDB para conseguir manter a força da sua candidatura ao cargo que é o terceiro na linha sucessória. Mas o maior partido no Congresso também está dividido. Rebelo comentou com os assessores mais próximos que tem o voto de pelo menos 20 deputados do PMDB, parte do PL e do PTB. Até o líder da oposição, José Carlos Aleluia (PFL-BA), apóia o nome de Aldo para continuar presidindo a Câmara.

Há pouco mais de um mês o presidente Lula avisou a Chinaglia e a Aldo que iria marcar uma conversa separada com cada um dos pré-candidatos para tratar da sucessão na Câmara. Os dois aguardam ansiosos o convite do presidente. Segundo o deputado Walter Pinheiro (PT-BA), uma das primeiras ações do presidente, logo após o descanso de 15 dias, será promover a unidade da base parlamentar para que os governistas tenham apenas um nome disputando a presidência da Câmara.