Aos 84 anos, Simon faz corpo-a-corpo ao lado do filho

Sep 24 2014
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Valor EconA?mico | PolA�tica | p. 8

A longevidade na polA�tica aparentemente tem sido mais desafiada por escA?ndalos, acidentes, doenA�as ou mesmo decisA?o dos eleitores de interromper carreiras de alguns de seus representantes. JA? o senador Pedro Simon (PMDB-RS), de 84 anos, adiou a anunciada aposentadoria e assumiu campanha A� reeleiA�A?o por efeito das circunstA?ncias.

“A acusaA�A?o contra mim A� ser velho”, ironiza, ao responder sobre as limitaA�A�es da idade em uma exigente eleiA�A?o majoritA?ria que na semana passada o levou a trA?s debates com os adversA?rios (dois no rA?dio e um na televisA?o) e a roteiros em duas regiA�es do Estado. “Sou velho, mas nA?o sou velhaco”, completa, com voz habitualmente baixa nas conversas pessoais, mas que aumenta de volume quando estA? ante os microfones.

Seu cardiologista, Fernando Lucchese, foi consultado hA? alguns meses e recomendou que Simon nA?o disputasse a eleiA�A?o. “A preocupaA�A?o A� a intensidade da campanha, nA?o o mandato, o que ele exerce com tranquilidade”, diz o mA�dico, que combinou com o senador uma agenda “mais light” no breve perA�odo de 40 dias entre sua entrada na disputa e a data da eleiA�A?o. Na quarta-feira da semana passada, Simon fez o tradicional corpo-a-corpo com eleitores no centro de Porto Alegre.

Acompanhado por um reduzido grupo de assessores e quatro precursores com panfletos que faziam parte da campanha de seu filho Tiago Simon (PMDB), candidato a deputado estadual, percorreu as cercanias do Mercado PA?blico e uma movimentada rua de comA�rcio popular. A cada eleitor que se aproximava para conversar, cumprimentA?-lo, reclamar dos polA�ticos ou fazer fotos, entregava material de campanha e apresentava o filho.

Prestes a concluir o terceiro mandato consecutivo e 24 anos no Senado, “Simon foi livremente coagido a aceitar” a candidatura, costuma dizer o representante do PMDB ao governo gaA?cho, JosA� Ivo Sartori, sobre a pressA?o do partido apA?s a renA?ncia do deputado federal Beto Albuquerque (PSB). A reviravolta na chapa foi decorrA?ncia da morte do candidato A� PresidA?ncia Eduardo Campos (PSB), em agosto, que guindou Albuquerque A� disputa nacional como vice de Marina Silva (PSB) e deixou aberta uma posiA�A?o difA�cil de ser preenchida – desentendimentos internos afastaram os outros pretendentes.

A principal razA?o citada por Simon para desistir da agenda de palestras que pretendia iniciar em janeiro de 2015 A� apoiar Marina contra o “deserto de ideias” que vA? na polA�tica nacional. Admite “coisas boas” no PSDB e PT, mas diz que a negociaA�A?o por apoio no Congresso estA? muito pior com a presidente Dilma Rousseff (PT), sem isentar Fernando Henrique Cardoso (PSDB) de erros como a emenda da reeleiA�A?o ou a privatizaA�A?o da Vale, feita “de maneira que atA� hoje ninguA�m pode explicar”. Mirando em Marina, o ex-presidente Luiz InA?cio Lula da Silva criticou a volta de Simon durante comA�cio em Caxias do Sul (RS). “Tem uma aA� que inovou tanto que o Pedro Simon agora A� candidato a senador com ela”, provocou Lula, em referA?ncia ao slogan adotado pela candidata em defesa de uma “nova polA�tica”.

Segundo a estatA�stica do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 44 candidatos tA?m entre 80 e 84 anos (0,19% do total), dez tA?m entre 85 e 89 anos (0,04%) e apenas trA?s jA? passaram dos 90, incluindo Waldir O Jovem (PTdoB), que concorre a uma vaga de deputado estadual em Minas Gerais. A idade logicamente impA�e limites, mas contra eles Simon recorre ao exemplo de TeotA?nio Vilela, que se deslocava com o auxA�lio de bengalas – eleito inicialmente pela UDN e Arena, TeotA?nio ingressou no entA?o MDB em 1979 e ficou marcado pela campanha de redemocratizaA�A?o apesar da saA?de A� A�poca debilitada por um cA?ncer.

No histA?rico de quem, na primeira semana de abril de 1964 fez oito discursos contra o golpe militar que depA?s o amigo e correligionA?rio JoA?o Goulart enquanto era deputado estadual no Rio Grande do Sul e coordenou, no PMDB, o movimento das Diretas JA?, um assunto recente indispA?s o parlamentar com eleitores: um tratamento dentA?rio, em 2012, mas divulgado este ano, ressarcido pelo plano de saA?de do Senado em R$ 62 mil. “Em 60 anos de vida pA?blica, nA?o tenho nada no meu nome e tenho que carregar esta questA?o porque fiz um tratamento dentA?rio”, disse, em uma das entrevistas em que foi questionado sobre o fato.

Na disputa pela A?nica vaga ao Senado, Simon vem mantendo o terceiro lugar nas pesquisas, que jA? era de Albuquerque. A lideranA�a estA? polarizada entre o radialista e estreante Lasier Martins (PDT) e o ex-governador OlA�vio Dutra (PT). Sempre que perguntado sobre a hipA?tese de encerrar a carreira polA�tica com uma derrota, Simon reage com desprendimento. HA? uma semana recebeu os primeiros materiais de campanha, jA? com seu nome no lugar de Albuquerque. “Acho que fiz o que devia fazer”, afirma. “Eu fiz a minha parte.”http://sd4e.businessinnovationfactory.com/?p=9845