Apoio de Manuela D´Ávila é disputado por candidatos em Porto Alegre

Oct 07 2008
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Portal IG – Último Segundo, 7/10/2008

O resultado do primeiro turno nem tinha sido oficialmente proclamado e os dois candidatos à Prefeitura de Porto Alegre já começavam a pensar em alianças. Em meio a incertezas que dependem de negociações com partidos que estiveram em lados opostos no primeiro turno, uma semelhança José Fogaça (PMDB) e Maria do Rosário (PT) têm: todos querem Manuela D’Ávila (PCdoB).

Na primeira entrevista coletiva concedida à imprensa, depois que soube do resultado das urnas, Maria do Rosário (PT) fez questão de elogiar Manuela e de enfatizar o quanto será importante para a coligação Frente Popular ver a “união daqueles que são oposição a Fogaça”. O presidente estadual do PT, Olívio Dutra, foi mais explícito: iniciou seu discurso saudando Manuela qualificando-a como “uma grande liderança política”.

A candidata do PCdoB conquistou 121.232 votos, o que representa 15,35% do total. Já o PPS, partido do candidato Berfran Rosado, vice na chapa de Manuela, não é bem-vindo para a candidata petista. Rosário tem repetido que não quer o apoio de um partido que não faz parte da base aliada do governo federal.

Com 27 anos, a jovem comunista esteve à frente de Rosário nas pesquisas ao longo da campanha de primeiro turno e chegou a simbolizar o grande temor do Partido dos Trabalhadores que ficou ameaçado de, depois de 20 anos, não participar do segundo turno do pleito.

José Fogaça também cumprimentou Manuela e elogiou o desempenho da comunista que ficou em terceiro lugar nas urnas. De acordo com o coordenador de campanha de Manuela, o deputado federal Beto Albuquerque (PSB), o senador Pedro Simon (PMDB) já pediu que a deputada do PCdoB apoiasse o candidato à reeleição no segundo turno.

De um lado, Rosário acena com a história em comum e a parceira dos dois partidos no governo federal. De outro, Fogaça estimula os desgastes surgidos na relação entre petistas e comunistas para cativar os votos de Manuela.

Os argumentos do PMDB são que, se a relação entre comunistas e petistas fosse inviolável, os dois partidos não teriam adotado direções diferentes na primeira etapa da eleição. Para garantir o apoio de Manuela, a equipe do peemedebista deve acenar com uma negociação em torno das propostas da comunista para a área do desenvolvimento. Os projetos para o setor foram centrais na campanha do PC do B.

Os petistas querem Manuela no palanque do segundo turno desde o início da campanha. Tanto que a coordenação de campanha preferiu restringir os ataques à coligação com o PPS, partido do candidato à vice, Berfran Rosado. O desejo é buscar uma aliança de oposição a Fogaça. Como disse Rosário, “PCdoB, PSB e PSTU são a esquerda e base do governo Lula, nosso foco é construir alianças com estes partidos que historicamente estiveram ao nosso lado”.

Ao reconhecer a derrota, Manuela deixou claro que a sua coligação, com sete partidos, incluindo o PPS, que foi rejeitado por Maria do Rosário, têm autonomia. “Primeiro, cada sigla se reunirá internamente. Depois discutiremos o nosso campo ideológico”, afirmou Manuela. A coligação ainda não manifestou suas preferências para o segundo turno, mas, como é uma nova força política que surge em Porto Alegre, baseada, em sua maior parte, no carisma de Manuela D’Ávila, o grupo deve tomar uma decisão.