Apoio do PSB, só informal

Jun 27 2006
(0) Comments

O Povo – FortalezaO Povo – Fortaleza, 27/6/2006
Apoio do PSB, só informal

Com medo de não ultrapassar a cláusula de barreira em alguns estados, o PSB optou por apoiar apenas informalmente a candidatura à reeleição do presidente Lula. Com isso, o presidente perde cerca de três minutos de tempo de TV

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficará sem o apoio formal do PSB, seu aliado histórico, na campanha pela reeleição. O partido cancelou a convenção que faria amanhã, depois que a Executiva do partido decidiu ficar sem candidato à Presidência para ter liberdade de coligação nos Estados. O PSB precisa obter votos nas eleições proporcionais para cumprir a cláusula de barreira, a regra eleitoral pela qual os partidos precisam ter pelo menos 5% dos votos nacionais para ter acesso a tempo de TV e ao fundo partidário, entre outros direitos.

Para Lula, o revés provocado pela falta de apoio formal do PSB significa menos tempo no horário eleitoral na TV e no rádio. Com o PSB, Lula poderia ter cerca de três minutos agregados aos seus 6 minutos nos blocos de propaganda eleitoral. O principal adversário de Lula, o tucano Geraldo Alckmin, terá cerca de 9 minutos na TV, por causa da coligação com o PFL. "Vamos apoiar Lula em 80% dos Estados. Não adianta o partido dar o vice-presidente e deixar de existir por não ter conseguido cumprir a cláusula de barreira", afirmou o líder do PSB na Câmara, Alexandre Cardoso (RJ), que defendia a aliança formal. O líder afirmou que o PT e o PSB estarão aliados em 19 Estados.

A avaliação da Executiva é que o apoio formal à Lula significaria cerca de 300 a 500 mil votos a menos para a sigla. "Esses votos são essenciais para cumprir a cláusula de barreira" afirmou Cardoso. "Nosso entendimento é que será mais difícil para Lula governar do que ganhar a eleição e queremos ajudar Lula a governar", argumentou o líder. O presidente Lula já foi avisado de que não terá o apoio formal do partido, mas a divulgação da posição formal do partido deverá ser feito em nota após reunião do comando do PSB com o presidente do PT, Ricardo Berzoini, e com o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro.

O segundo vice-presidente do PSB, deputado Beto Albuquerque (RS), responsabilizou o PT pelo fracasso nas negociações. "Não haveria razão para colocarmos em risco a existência do partido se não fazemos parte da chapa majoritária, se o PT não fez o mínimo esforço pelas alianças regionais. Ficou claro que se não cuidarmos da nossa vida, ninguém mais fará por nós", desabafou.
Desde o início das articulações na busca da coligação, o PSB vinha manifestando a insatisfação com o que considera falta de reciprocidade do PT com os aliados.

Os petistas são acusados de não abrirem mão de candidaturas a favor de partidos que apóiam Lula. A mesma reclamação é feita pelo PCdoB, que vai fazer sua convenção na quinta-feira. A tendência, no entanto, é apoiar formalmente a reeleição de Lula. (das agências)