Artigo – A nova luta política
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Zero Hora – Porto AlegreZero Hora – Porto Alegre, 21/09/2005
Artigo – A nova luta política
BETO ALBUQUERQUE/ Deputado federal, vice-líder do governo na Câmara dos Deputados
Há 170 anos, um grupo de gaúchos se insurgia contra os desmandos do poder central, deflagrando uma guerra que se estenderia por uma década e consumiria a vida de milhares de homens, em batalhas travadas nos quatro cantos da Província de São Pedro. A luta pela autonomia política e econômica não foi em vão.
Mais do que uma guerra que obrigou a um acordo do governo central com os revolucionários, o movimento dos farrapos marcou a história gaúcha e brasileira. A determinação de seus integrantes garantiu ao Estado um raro grau de respeitabilidade política para a época – que permanece até os nossos dias -, e consolidou os conceitos de liberdade, igualdade e humanidade. Palavras gravadas no brasão da República Rio-Grandense.
A comemoração da Semana Farroupilha deste ano coincide, infelizmente, com a grave crise política que atinge também a Câmara dos Deputados. Abalada por denúncias de corrupção, a instituição vive um dos piores momentos de sua história. Mas também prepara-se para cassar um número recorde de parlamentares acusados de receber o mensalão.
Diante disso, 170 anos depois do movimento dos farrapos, a luta que nós, brasileiros, devemos travar já não é apenas contra a concentração de poderes e recursos na União. Hoje, estamos desafiados a combater a política de favores, a corrupção e a impunidade. Temos o dever de lutar pelos princípios essenciais da democracia, construída por tantos de nós a duras penas.
Neste momento de crise política, a população espera pela punição dos envolvidos com corrupção e por uma reação do parlamento no sentido de recompor sua dignidade com trabalho, com a votação de uma agenda que dê resultados concretos ao país. Há temas fundamentais por enfrentar como o aperfeiçoamento do sistema político e eleitoral, o aumento da transparência do setor público e do controle popular sobre os governos.
A era Severino Cavalcanti, marcada por corrupção, acabou. A inusitada sucessão da presidência da Câmara deve servir para uma recomposição ética. Esta é a última chance de o parlamento brasileiro virar essa página triste de sua história. E de afirmar sua importância para a sociedade, a democracia e o Estado de direito que garanta à maioria dos brasileiros dignidade, liberdade e justiça, princípios defendidos pela Revolução Farroupilha.