Artigo – Tolerância zero à insesatez

Aug 04 2008
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Correio do Povo – Porto Alegre, 04/8/2008

por Beto Albuquerque

E m pouco mais de um mês, a lei que instituiu a tolerância zero para o consumo de bebida alcoólica por motoristas evitou milhares de acidentes, lesões e mortes envolvendo condutores embriagados. Milhões de reais foram economizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O país debate soluções para a violência no trânsito e uma pequena revolução já acontece na atitude dos brasileiros. No primeiro mês de vigência da lei, os resgates de acidentados pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) caíram, em média, 24% em 14 unidades da Federação. Em Porto Alegre, a queda no atendimento de urgência da Samu foi de 35%.

Proposta formulada pela Frente Parlamentar do Trânsito Seguro no Congresso Nacional, a lei foi elogiada pelas organizações Pan-Americana e Mundial de Saúde (Opas/OMS), que a tomarão como modelo para o continente americano – seguindo uma tendência mundial.
Essa é uma vitória da sociedade, que vê na violência no trânsito uma das principais ameaças à vida. Por isso, a lei é popular. Segundo o Datafolha, 86% das pessoas em São Paulo e no Rio de Janeiro apóiam o endurecimento das punições.

Mas os desafios para reduzir as 35 mil mortes e os 350 mil feridos registrados em 2007 ainda são enormes. Desse total, em 60% dos casos o responsável é o álcool. Daí o rigor da lei, que reforça que beber e dirigir é ilegal.

Se não bastasse o sofrimento humano, a violência no trânsito impõe ao país perdas econômicas estimadas em R$ 22 bilhões/ano (Ipea, 2007). Para vencer essa guerra, é preciso somar esforços de cidadãos, governos, órgãos de trânsito, polícias e Justiça.

É hora de os governos investirem os recursos de multas de trânsito em campanhas educativas que ajudem a mudar a atitude de todos. O primeiro passo foi dado, com êxito. Agora é seguir avançando para garantir um direito que é de todos – o direito à vida.
deputado federal, presidente da Frente Parlamentar do Trânsito Seguro