Zero Hora – Porto AlegreZero Hora – Porto Alegre, 25/09/2005 Baixo principado
Klecio Santos
Dois herdeiros do espólio de Severino Cavalcanti podem ser os fiéis da balança na eleição do presidente da Câmara: Ciro Nogueira e João Caldas. Príncipes do baixo clero, ambos têm trânsito na maioria silenciosa da Casa e tentam tirar dividendos políticos da situação.
Com a polarização entre Aldo Rebelo e José Thomaz Nonô, Michel Temer ameaça deixar o páreo. Ao identificar um dedo de Renan Calheiros na montagem da candidatura de Rebelo, Temer cogita apoiar Nonô, adversário político do presidente do Senado em Alagoas.
A sucessão de Lula em 2006 ainda é o principal pano de fundo da escolha do novo presidente da Câmara. Aos poucos, porém, querelas regionais e até antipatias dominam o cenário. Beto Albuquerque, por exemplo, só abandonou a corrida em favor de Rebelo após a defecção do líder do governo, Arlindo Chinaglia. Os dois nem se falam.
– Não posso negar que o que me deixou mais feliz foi ver a cara do Chinaglia após a escolha do Rebelo – revela Beto.
Com as candidaturas se afunilando, cresce a importância dos bagrinhos. Os votos do baixo clero tendem a pesar em uma eleição fadada ao segundo turno. Se fechar o apoio com Temer, Nonô salta para o segundo turno. Restará ao governo mendigar os votos dos afilhados de Severino.
