Base revoltada com baixa liberação de recursos

Jun 15 2006
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Diário de CuiabáDiário de Cuiabá – 15/6/2006
Base revoltada com baixa liberação de recursos

Da Folhapress – Brasília

Enquanto o governo se esforça para tentar um pacto de governabilidade com a oposição, a base de sustentação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso se desmantela. O descontentamento é com a execução do Orçamento e já repercute nas votações.

Em uma semana, o governo sofreu duas derrotas na Câmara, o que deve se repetir a depender da movimentação da Fazenda nos próximos dias.

O assunto foi discutido ontem na reunião de líderes aliados com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, no Palácio do Planalto.

O líder do PSB na Câmara, deputado Alexandre Cardoso (RJ), disse que se não houver um entrosamento maior, a base terá dificuldades para ser mantida "não só no Congresso, mas também na campanha à reeleição do presidente".

Uma das dificuldades é o relacionamento com os ministros. "Como houve uma substituição dos ministros políticos por técnicos ficou uma certa distância.

"A função do parlamento não é apenas legislar, tem a liberação das emendas também", disse. Os ministros políticos tiveram que deixar os cargos em 31 de março para disputar as eleições de outubro por força da lei eleitoral.

VIPS

O vice-líder do governo na Câmara, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), não participou da reunião de líderes, mas é um dos mais descontentes.

"Não acredito mais na coesão da base. Olha os resultados dos últimos dias [as derrotas nos plenários]. E mesmo assim o governo continua tratando como Vips quem não tem mais liderados e libera o orçamento para essa gente", desabafou.

Um dos motivos do descontentamento é com os afagos que o presidente Lula tem feito nos senadores Renan Calheiros (AL), José Sarney (PMDB) e no líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB).

Os três tem freqüentado com assiduidade o Palácio do Planalto. Ontem assistiram à estréia do Brasil na Copa no Palácio da Alvorada.

"O governo elegeu como interlocutores figuras que lideram seus próprio interesses", afirmou Albuquerque.

Os senadores "famosos" como estão sendo chamados os peemedebistas na Câmara já teriam suas emendas praticamente todas liberadas.

Levantamento da ONG (Organização Não Governamental Contas Abertas) indicou que o PSB só teve 5,88% das emendas empenhadas; o PC do B, 3,49%; o PP, 10,8%; o PTB, 3,45%.