Beto Albuquerque: voo nacional e tarefa hercA?lea

Aug 20 2014
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Benedito Tadeu CAi??sar*

ComeAi??ou agora, de fato, a campanha eleitoral de 2014. Tudo o que aconteceu antes do inAi??cio do HorA?rio Eleitoral Gratuito no RA?dio e na TV foi, como jA? costuma ocorrer em todos os pleitos, apenas o aquecimento para a disputa. Neste momento, porAi??m, a morte de Eduardo Campos e sua substituiAi??A?o por Marina Silva impAi??e um recomeAi??o na disputa, uma redefiniAi??A?o do posicionamento dos candidatos frente a seus adversA?rios.

Com consequA?ncias nacionais profundas, a ascensA?o de Marina Silva provoca alteraAi??Ai??es tambAi??m no cenA?rio eleitoral no Rio Grande do Sul. Beto Albuquerque assume a candidatura a vice-presidente da RepA?blica e, com isso, abre vaga na chapa da coligaAi??A?o PMDB/PSB para o Senado, provocando grande reviravolta no cenA?rio eleitoral local.

Pedro Simon, avalista e mediador da aproximaAi??A?o entre Marina Silva e Eduardo Campos, quando da filiaAi??A?o de Marina ao PSB, depois da frustrada tentativa de fundaAi??A?o da Rede Sustentabilidade, surge como nome natural para substituir Beto Albuquerque na disputa ao Senado e serA? pressionado pelo PMDB a fazA?-lo. Senador por quatro mandatos, no entanto, Simon jA? havia desistido de disputar a reeleiAi??A?o em decorrA?ncia de sua idade avanAi??ada e resiste, ao menos em seus pronunciamentos pA?blicos atAi?? agora, em retornar Ai?? cena eleitoral.

Germano Rigotto, outro nome lembrado, tambAi??m jA? se manifestou refratA?rio a aceitar o convite, alegando que o ai???momento [de sua candidatura] jA? passouai???. Expressando mA?goa, Rigotto foi taxativo na sua manifestaAi??A?o para a imprensa: ai???Eu estava preparado para ser candidato, acho que tinha condiAi??Ai??es de ganhar a eleiAi??A?o. ai??i?? Se a minha candidatura tivesse surgido naturalmente, como era vontade incrAi??vel na base hA? coisa de trA?s, dois meses, seria diferente. Hoje, nA?o. Essa possibilidade nA?o existe mais. NA?o tem possibilidade. Zero chance. NA?o tem possibilidade nenhuma, nenhuma.ai???

Qualquer que seja o candidato, no entanto, enfrentarA? uma disputa acirrada e, muito provavelmente, se verA? emparedado entre dois grandes oponentes. De um lado Lasier Martins, pelo PDT, e de outro OlAi??vio Dutra, pelo PT, os dois candidatos que lideram as pesquisas de intenAi??A?o de voto atAi?? o momento. Com cerca de 10% nas pesquisas, Beto Albuquerque aparecia em terceiro lugar e com pouca chance de romper a polarizaAi??A?o. Seu substituto, entrando na disputa depois de o horA?rio eleitoral jA? ter se iniciado e depois de a estrutura de campanha de todos os candidatos jA? ter sido montada, dificilmente terA? condiAi??Ai??es de inverter o quadro estabelecido.

A menos que as candidaturas de Marina Silva, Ai?? PresidA?ncia da RepA?blica, e de JosAi?? Ivo Sartori, ao Governo do Rio Grande do Sul, se firmem a ponto de impulsionarem a candidatura do substituto de Beto Albuquerque, a tendA?ncia serA? de que OlAi??vio Dutra se beneficie e acabe herdando boa parte dos votos que anteriormente iriam para Beto. Lasier Martins, que antevia uma vitA?ria fA?cil antes da entrada de OlAi??vio Dutra na disputa e que jA? se via acossado por ele, serA? o grande prejudicado pela saAi??da de Beto Albuquerque e poderA? ver a chance de sua vitA?ria se esvair.

Beto Albuquerque, por seu lado, decola do Rio Grande do Sul para um grande voo nacional. Ele, que atuou com empenho na viabilizaAi??A?o da candidatura de Eduardo Campos, na costura da chapa com Marina Silva e na arquitetura dos palanques estaduais da chapa Eduardo/Marina, poderA? acabar eleito vice-presidente da RepA?blica. ArtAi??fice de uma candidatura sem grande chance eleitoral neste ano e que mirava mais intensamente as eleiAi??Ai??es de 2018 do que as de 2014, Beto Albuquerque sai do fundo do palco e assume o primeiro plano, passando a desempenhar um dos papAi??is principais na disputa eleitoral.

Beto Albuquerque nA?o serA? apenas o candidato a vice-presidente de Marina Silva, mas serA? a voz e a consciA?ncia do PSB na coligaAi??A?o, posto que Marina tende a continuar atuando como Rede Sustentabilidade, partido para o qual deverA? se transferir tA?o logo consiga o registro no TSE. SerA? Beto Albuquerque quem garantirA? os acordos polAi??tico-eleitorais firmados por Eduardo Campos e nem sempre referendados por Marina Silva, como em SA?o Paulo e no Rio de Janeiro, estados com o primeiro e o terceiro maiores colAi??gios eleitorais e imprescindAi??veis para uma vitA?ria na campanha Ai?? presidA?ncia da RepA?blica. SerA? Beto Albuquerque o negociador e o fiador da candidatura frente ao agronegA?cio e outros setores econA?micos com os quais Marina Silva tem atritos. Sem Beto Albuquerque, a candidatura de Marina Silva fica sem chA?o, apoiada apenas nos ai???sonhA?ticosai??? e naqueles que se desiludiram com a polAi??tica.

Beto Albuquerque, aliA?s, pode ser o A?libi perfeito para Marina Silva. Ele assume o lado ai???feioai??? dos acordos polAi??ticos imprescindAi??veis para a vitA?ria e liberta Marina Silva para os aplausos e para a colheita dos votos dos que se julgavam atAi?? aqui ai???nA?o representadosai??? pela polAi??tica real. SerA? Beto Albuquerque, alAi??m disso, quem darA? fundamento de realidade nos projetos de governo de Marina Silva, atAi?? aqui pouco concretos e pouco alinhavados, transformando-os em projetos de governo da chapa Marina Silva/Beto Albuquerque. Ele terA? a imensa tarefa de conciliar as duas Marinas necessA?rias para que sua candidatura se viabilize eleitoralmente e tenha chances reais de vitA?ria: a Marina dos ai???sonhA?ticosai??? e dos desiludidos e a Marina dos acordos polAi??ticos e do programa real de governo. Tarefa hercA?lea, sem dA?vida. Resta saber se ela serA? realizA?vel.

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