No segundo mandato, Lula será duro na cobrança e não vai tolerar erros, avisa o líder do governo
O líder do governo na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque, do PSB, afirmou ontem que o presidente Lula está determinado a garantir para o seu segundo mandato características totalmente distintas do primeiro. Ao relatar o encontro que teve com Lula quinta-feira para tratar do espaço do PSB no governo, Beto disse que o presidente foi categórico. 'Lula declarou que não terá piedade de amigos que cometerem erros ou acabarem vencidos pela inércia e destacou que o Planalto será mais duro na cobrança', afirmou.
Segundo o deputado, biografia e lealdade pessoal, essenciais para a indicação a cargos importantes, não serão suficientes para evitar substituições em caso de incompetência ou descaminhos morais. Salientou que Lula também pretende manter, como prerrogativa indelegável, a condução direta das negociações políticas mais importantes. A primeira delas, destacou, é a articulação para a composição do Ministério e principais cargos subordinados ao Planalto. A diferença, avaliou, será percebida a curto prazo. Beto salientou que o primeiro governo acabou estabelecido conforme o estilo pessoal de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil, derrubado após escândalos e que, na época, teve poderes tão ampliados que se confundiam com os do presidente. 'Dirceu não reconhecia os partidos e negociava com personalidades, estrelas e caciques, muito diferente de Lula. A dinâmica, agora, será outra', disse.
Segundo Beto, a relação dos partidos com o Planalto irá se estabelecer de forma mais respeitosa. Porém, a responsabilidade dos aliados aumentará. Beto destacou a opção do governo em concentrar os esforços na execução e ampliação do Programa de Aceleração do Crescimento. Com o investimento inicial de R$ 500 bilhões, disse, Lula pretende alavancar o desenvolvimento do país e fazer com que seu segundo mandato não seja somente a continuação do primeiro.
No campo político, ressaltou Beto, o presidente não abrirá mão de usar toda a sua experiência política para deixar aberto o caminho ao sucessor. 'Há muito mais que simples processo de ocupação de espaços e, para atender às expectativas de Lula, os partidos precisarão filtrar suas lideranças antes de embarcar no governo', disse. Ele afirmou que o presidente participará das reuniões com o conselho político do governo e de encontros com as lideranças do Congresso. Ao anunciar que manterá presença permanente nas negociações, Beto acrescentou que Lula deixou claro que não irá tolerar vozes isoladas de descontentamento
