Beto: proposta pode se transformar em engodo

Jun 15 2007
(0) Comments
Correio do Povo – Porto Alegre, 15/6/2007

Apesar da mobilização de todos os partidos, o deputado Beto Albuquerque, do PSB, vice-líder do governo Lula na Câmara, afirmou ontem que a reforma política poderá se transformar em engodo. 'Vende-se a idéia de que, com medidas tímidas, os representantes políticos se tornarão mais honestos. Vivemos um verdadeiro desrespeito à inteligência da população', destacou. Cético em relação aos resultados, o deputado salientou, porém, não apoiar a protelação da votação. Contrário ao voto em listas preordenadas e ao financiamento público de campanhas eleitorais, pontos essenciais da reforma, defendeu a manutenção da cláusula de barreira e a instituição da fidelidade partidária.

Beto destacou ainda a importância de incluir na pauta a unificação das eleições, de vereador a presidente da República, a cada cinco anos, num único processo eleitoral, como primeiro passo para o debate que reconheceu ser polêmico: a instalação do sistema parlamentarista. 'Nesse regime, a maioria eleita governa. No presidencialismo, o Executivo tenta compor maioria de qualquer jeito para garantir a governabilidade. O preço ético costuma ser alto', comparou. No atual sistema, disse, o Executivo busca harmonia por meio de troca de interesses, ajustes e conchavos que os eleitores não compreendem. No sistema parlamentarista, destacou Beto, as forças políticas serão obrigadas a qualificar suas nominatas e a refutar representantes populistas que, depois de eleitos, se mostram incapazes de atuar expressivamente. Os candidatos personalistas que se tornam campeões de votos, avaliou, são ótimos para garantir espaço aos seus partidos, mas, muitas vezes, configuram verdadeiras nulidades como representantes da sociedade.

Preocupado com a desagregação que ameaça o avanço da reforma política, o líder da minoria na Câmara, deputado Júlio Redecker, do PSDB, propôs reunião extraordinária das bancadas tucanas na Câmara e no Senado para buscar pontos de convergência e estratégias de votação. 'Mais do que nunca, precisamos demonstrar unidade', destacou Redecker.