Blocos para garantir espaço
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Jornal de Brasília, 1/2/2007
A disputa por cargos na cúpula da Câmara fez 16 dos 20 partidos formarem ontem três grandes blocos para lotear as 11 vagas disponíveis na chamada Mesa Diretora. O interesse das legendas era manter ou ampliar o espaço a que cada uma tem direito dentro da regra de respeito ao tamanho das bancadas. Quanto maior a bancada, melhores os cargos a que o partido tem direito. Por isso, dos 513 deputados, apenas 19 (3,7%) pertencem a legendas que não se associaram aos novos grupos.
O maior bloco tem oito partidos, todos da base do governo, com 273 deputados. É o maior bloco já formado no Legislativo. Estão reunidos nele PMDB, PT, PP, PR (partido formada pelo PL mais Prona), PTB, PSC, PTC e PT do B. Reuniram-se também PSDB, PFL e PPS, somando 153 deputados. O terceiro bloco é formado por PSB, PDT, PC do B, PAN e PMN, com 68 parlamentares.
Os próprios líderes dos partidos que se uniram reconhecem que os blocos têm prazo de validade. Assim que forem eleitos os integrantes da Mesa Diretora e os presidentes das comissões permanentes da Câmara, os dois maiores blocos serão desfeitos. Não chegarão a ter uma atuação parlamentar mais duradoura. As comissões deverão ser formadas até março.
Fisiologismo
O ex-ministro e deputado eleito Ciro Gomes considerou fisiológica esta união. “Se for apenas para buscar hoje, de maneira absurdamente fisiológica, este ou aquele carguinho na Câmara, é uma tragédia”, disse.
O líder do PSDB, Antônio Carlos Pannunzio (SP), classificou como “um desserviço à democracia” a formação de blocos partidários para garantir vagas da Mesa, mas disse que foi a única forma de reagir à formação dos outros grupos. “Se queremos fortalecer a democracia, temos que fortalecer os partidos e nada mais natural do que respeitar a proporcionalidade da representação de cada um. Mas a partir do instante que a base do governo resolveu formar bloco, não nos restou outra alternativa”, disse Pannunzio.
O líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), foi claro: “O PFL fez bloco em defesa de sua vaga na Mesa. É um bloco para garantir o que julgamos correto”, disse Maia. Sem o bloco, o PFL e o PSDB poderiam ficar sem titulares na Mesa.
Em uma clara demonstração da divisão da base governista, o vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB-RS), aliado de Aldo Rebelo (PC do B-SP), disse que o bloco de socialistas, trabalhistas, comunistas e outros tem o objetivo de garantir “a formação do eixo de centro-esquerda desejado pelo presidente Lula”. “O PT fez um eixo de centro-direita na Câmara. É um direito dele, mas nós atendemos a expectativa do governo de ter um bloco político mais à esquerda no Parlamento”, insistiu o vice-líder.
Apelidado de “blocão”, a associação do PT com outros sete partidos, reúne as legendas que apóiam o petista Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara. No entanto, há dissidências em legendas como o PMDB e o PP, o que não garante a Chinaglia todos os 273 votos do bloco.