Caixas de correspondência entupidas

Mar 04 2005
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Zero Hora

Zero Hora, 04/03/2005


Caixas de correspondência entupidas

Da tarde de quarta-feira até a manhã de ontem, a caixa postal eletrônica do deputado federal Eliseu Padilha (PMDB) entupiu por excesso de mensagens. Dos 1.246 e-mails recebidos nesse período, cerca de 800 tratavam da proposta de aumento de salários na Câmara.

A Internet se transformou em uma aliada silenciosa usada pela população para barrar o reajuste dos vencimentos dos parlamentares de R$ 12,8 mil para R$ 21,5 mil. A Câmara não divulga o número de mensagens dos parlamentares.

– O povo não aceita mais tributação, juros altos e gastos públicos – resumiu Darcísio Perondi (PMDB).

Padilha recebe e-mails sobre o assunto desde a semana passada. As mensagens pediam que o deputado deixasse de apoiar o reajuste.

– A pressão da sociedade me fez aderir à idéia de que o aumento para deputados e ministros do Supremo Tribunal Federal é inoportuno agora – disse Padilha.

Mesmo Júlio Redecker, candidato a prefeito de Novo Hamburgo e pertencente ao PSDB, que fechou questão contra a iniciativa, foi questionado por eleitores:

– Nas ruas, a população perguntava sobre o aumento.

Também contrários ao projeto, Mendes Ribeiro (PMDB) e Beto Albuquerque (PSB) tiveram um crescimento na sua correspondência eletrônica. Mendes recebeu cerca de 400 e-mails diários. Beto passou de uma média de 350 mensagens por dia para 650.

Um outro ex-defensor do projeto, Milton Cardias (PTB), tinha ontem cerca de 200 e-mails de repúdio à proposta na caixa postal.

– Concordo com a equiparação salarial (entre deputados e ministros do STF), mas hoje não votaria a favor, nem assinei o pedido de urgência – afirmou Cardias.

O 2º-vice-presidente da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), disse ontem que o aumento foi derrotado por uma opinião pública “radicalmente contrária”. Junto com Severino, Nogueira era um dos maiores defensores do reajuste. Ironicamente, por estar mudando de gabinete, o deputado não teve acesso aos e-mails nos últimos dias.

– Minha caixa deve estar cheia – reconhece.