Campanha pró-renúncia
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Correio BrazilienseCorreio Braziliense, 15/09/2005
Campanha pró-renúncia
Tema do Dia – Crise Ética
Oposição faz abaixo-assinado para pressionar Severino a desistir do mandato o mais rápido possível. Para o presidente do PMDB, Michel Temer, a situação do deputado pernambucano é “insustentável”,
Yeda Crusius, com outros parlamentares da oposição: “Não há mais clima para Severino dirigir a Câmara”.
Na entrada do plenário da Câmara, debaixo de uma bandeira nacional, o Movimento Brasil Verdade — frente parlamentar pela ética na política — instalou uma mesa com um abaixo-assinado pedindo a renúncia do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). A ação política é o que resta aos deputados. No regimento, não há qualquer dispositivo que obrigue Severino a se afastar do cargo pelo fato de estar sendo julgado pelo Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar. Afastar-se ou não é uma decisão que cabe unicamente ao próprio presidente da Câmara. “É um ato político. Ele precisa entender que não tem mais condições de permanecer à frente da Câmara dos Deputados”, pregava a deputada Yeda Crusius (PSDB-RS), uma das integrantes da frente. De praticamente todos os partidos surgiram vozes pregando o seu afastamento.
O cheque de R$ 7,5 mil sacado pela secretária de Severino, Gabriela Kênia Silva Santos Martins, fez com que a defesa de Severino ficasse limitada praticamente apenas ao seu partido, o PP. Mesmo o PT que resolveu não encampar o pedido de cassação de Severino (preferiu pedir uma investigação na Corregedoria da Câmara), o discurso é de que o presidente da Câmara não tem mais condições de permanecer. “A aparição de uma prova material altera completamente a situação. Na minha opinião, o deputado Severino deve renunciar à presidência e responder ao processo investigativo dentro da Casa como um deputado comum”, defendeu o líder do PT, Henrique Fontana (RS).
Sem defesa
“Agora, a situação fica insustentável. Não há mais defesa. O caso precisa ser apurado pelo Conselho de Ética e é necessário que isso se faça logo, porque a Casa não pode ficar muito tempo assistindo a uma situação como essa envolvendo o seu presidente”, considerou o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP).
O deputado Beto Albuquerque (PSB-RS) foi mais duro: “Agora, se associou a incompetência com a corrupção. Qualquer um com um mínimo de vergonha na cara renunciaria.” Para o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), o fato de a sacadora ter sido a secretária de Severino, e não seu motorista, como dissera anteriormente o empresário Sebastião Buani, não altera em nada a situação. “O que importa é que a denúncia foi confirmada. Cabe a ele tomar uma decisão rapidamente. A situação é muito grave”, defendeu. “É a prova que não faltava”, disse o líder da Minoria, José Carlos Aleluia (BA). “Tudo já apontava para a corrupção do presidente da Câmara”, continuou. “A situação só se agrava. Mas todo o comportamento de Severino é deplorável. Ele claramente trabalhava para tentar inocentar deputados e auxiliar o governo”, criticou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ).
Até o presidente do Conselho de Ética, Ricardo Izar (PTB-SP), que terá de conduzir o processo contra Severino, pronunciou-se. “Antes, nós tínhamos indícios. Agora, nós temos uma prova concreta. Complica muito”.