Chance perdida

Governo e Congresso perderam ontem uma oportunidade de se redimir das trapalhadas dos últimos meses. Ao não aprovar a chamada MP do Bem, o Congresso criou apreensão no setor produtivo e provou, mais uma vez, que basta um feriado no meio da semana para boa parte dos deputados trocar o dever de votar pela comodidade de permanecer nas bases.

É tão raro o governo reduzir a carga tributária de algum setor que não dá para entender como foi possível deixar esgotar-se o prazo de validade sem aprovar a MP 252. A medida provisória perde os efeitos amanhã, mas como hoje é feriado nacional, foi-se o boi com a corda.

Foram tantas as modificações feitas no Senado que o custo da medida, calculado inicialmente em R$ 3 bilhões anuais, praticamente dobrou. Sem capacidade de articulação para derrubar as mudanças, o próprio governo encarregou-se de tirar seus deputados do plenário, derrubando o quórum necessário.

A Confederação Nacional da Indústria divulgou nota alertando que a não-aprovação da medida provisória provoca incertezas sobre decisões de investimentos e mantém os obstáculos ao crescimento da economia.

Vice-líder do governo, o deputado Beto Albuquerque (PSB) vai pedir ao presidente Lula que, na volta da viagem ao Exterior, edite outra MP de teor semelhante, para não perder de vez a confiança do setor produtivo.

Coluna Rosane de Oliveira