Câmara marca eleição para quarta; indefinições e r

Sep 23 2005
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Diário Popular – PelotasDiário Popular – Pelotas, 23/09/2005 
Câmara marca eleição para quarta; indefinições e rachas continuam na disputa pela presidência

A indefinição quanto ao próximo parlamentar que ocupará o terceiro posto da República se estenderá até minutos antes da próxima quarta-feira, data da eleição para presidente da Câmara dos Deputados. A oposição e partidos da base aliada não aceitam que o sucessor do ex-deputado Severino Cavalcanti seja do PT, e os petistas não abrem mão do comando da Casa.

O PT escolheu o líder do governo Arlindo Chinaglia (SP) como candidato, mas aceita negociar com os aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o nome de um deputado que tenha maior abertura. De antemão, os governistas não se colocam fechados ao diálogo desde que não seja um petista. O lobby é pelos ex-ministros Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Eduardo Campos (PSB-PE).

"O PT quer negociar sem qualquer limite. Mas não aceitamos imposição e que a base aliada faça o jogo da oposição, que quer
excluir a maior bancada do comando da Câmara", afirmou o líder petista, Henrique Fontana (RS), após reunião entre as lideranças e o presidente em exercício da Casa, José Thomaz Nonô (PFL-BA), para decidir as regras da eleição na quarta-feira. O PT tem 88 deputados, contra 87 do PMDB.

Os líderes decidiram ainda que haverá um debate entre os candidatos na terça-feira. Até agora praticamente todos os partidos lançaram concorrentes à presidência da Câmara. Para o PFL, a fragmentação da base beneficia seu candidato, o próprio Nonô. Mas ninguém acredita que na quarta-feira haverá mais que seis candidatos no plenário. Seriam Chinaglia, Nonô, Michel Temer (PMDB-SP), Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP), João Caldas (PL-AL) e um nome do PP, provavelmente Francisco Dornelles (RJ).

PFL X PT

"Nesse cenário, de, no máximo, seis candidatos haveria um segundo turno entre PT e PFL. Porque são as forças com mais músculo aqui. Não vejo chance de o Michel Temer competir com os dois", afirmou o deputado Antônio Carlos Magalhães Neto. No entanto, os pefelistas sabem que o presidente do PMDB sai fortalecido se houver desistência de PP, PL e PTB. "No caso de haver um segundo turno entre Temer e Nonô não temos como perder", disse o pefelista baiano. Até agora não é isso que tem se configurado. PP e PL lançam candidatos para marcar posição, mas votariam no líder do governo porque o vêem como um porto seguro que poderia salvar mandatos de deputados dados como mortos politicamente. O principal fiador do nome de Chinaglia é o líder do PP, José Janene (PR), o que pode ser visto como um passaporte ao desastre.

BETO ALBUQUERQUE

"O PT não aprendeu com os erros do passado. Vai tentar impor alguém que não agrega em nada", disse o deputado do PPS, Raul Jungmann (PE). Seu colega parlamentar e vice-líder do governo Beto Albuquerque (RS), nome do PSB ao posto deixado por Severino, resume: "Um nome petista, no momento, não terá maioria", afirmou. Alguns deputados do PT votarão em Chinaglia, mas prevêem dificuldades em conseguir emplacar seu nome. "Do jeito que vão as coisas, nós vamos ficar de fora novamente, não conseguiremos nem a vice-presidência", afirmou um deputado que pediu para não ser identificado.

MOEDA DE TROCA

A primeira vice-presidência, ocupada por Nonô, será usada pelo PFL como moeda de troca para tentar atrair PTB ou o PL para apoiar seu candidato no segundo. Os aliados reclamam: "Para eleições fora dessa Casa, o político tem que deixar vago um posto, por exemplo, de prefeito para se candidatar a governador, mas aqui dentro essa regra não vale? O PFL parte de um pressuposto incoerente", afirmou Albuquerque.