Com verbas garantidas, Ceitec deve começar a operar dentro de um ano

Apr 20 2006
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Baguete – Jornalismo EmpresarialBaguete- Jornalismo Empresarial, 20/4/2006
Com verbas garantidas, Ceitec deve começar a operar dentro de um ano

Se depender da liberação de recursos pelo governo federal, está assegurada a conclusão das obras do Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica (Ceitec) de Porto Alegre dentro do tempo previsto – até o final deste ano, com início das operações projetado para o início de 2007. Quem garante é o ministro de Ciência e Tecnologia, Sérgio Machado Rezende (na foto, com o deputado Beto Albuquerque ao fundo), que esteve na capital gaúcha nesta quarta-feira, 19, participando de uma visita à construção em companhia de jornalistas, políticos, líderes e empresários que apóiam a iniciativa.

Para afirmar a procedência dos aportes, Rezende baseia-se em liberações de verba recentes. “Na semana passada, uma Medida Provisória foi aprovada e destacou R$ 116,3 milhões para o MCT, R$ 39 milhões dos quais vieram para o projeto de Porto Alegre. Além disso, há o FNDCT, capital formado por diversos fundos setoriais, que, só este ano, deixará R$ 1,2 bilhão disponível para iniciativas ligadas à inovação tecnológica”, declarou.

Apesar das cifras, Rezende enfatizou o investimento como “relativamente baixo”. O diretor-presidente do Centro, Sérgio Souza Dias, concordou. “Dada a importância do empreendimento e o que gerará de ganhos em exportação, é um consumo de aporte baixo, sim”, ressaltou o dirigente. Ainda de acordo com Dias, quando o Ceitec começar a produzir irá contribuir para eliminar um déficit de cerca de US$ 7 bilhões na balança de comércio exterior brasileira. “Hoje, importamos propriedade intelectual e exportamos mão-de-obra no segmento de eletro-eletrônica. Esta organização é uma das idéias que irá ajudar a acabar com isso, pois tudo – o design, a prototipagem, a fabricação de semicondutores – será feito aqui, podendo-se, depois, vender para fora um produto inteiramente nosso”, explicou.

A implementação do Centro, segundo Dias, já é tardia. “A Índia e a China, por exemplo, contam com iniciativas como esta desde as décadas de 80 e 90. Com isso, os indianos exportam, hoje, em torno de US$ 180 bilhões em eletro-eletrônicos – isso é mais do que os Estados Unidos”, salientou. Ele também criticou os rumores de “descrença” que disse ter ouvido a respeito do espaço da Lomba do Pinheiro. “Disseram que nossos equipamentos seriam atrasados, que nossas operações não seriam modernas o suficiente. Pois hoje detemos tecnologia suficiente para fabricar dois terços da demanda brasileira de semicondutores. Além disso, depois de seis meses de operação da sede pronta tenho certeza que já teremos condições de renovar o parque de materiais”, garantiu.

Também presente à visita do ministro Rezende, o reitor da PUC-RS (que hoje abriga uma das unidades provisórias do Centro – a outra fica no campi da Ufrgs), Irmão Joaquim Clotet, enalteceu o empreendimento. “Este é o maior projeto de tecnologia do Rio Grande do Sul desde a instalação do Pólo Petroquímico, nos anos 80”, disse. “Agora, é fomentar esta idéia para que crie não só o próprio espaço, mas sim um ecossistema de desenvolvimento e inovação, atraindo empresas e instituições do gênero para o Brasil”, complementou o presidente Souza Dias.

O Ceitec, localizado à Estrada João de Oliveira Remião, 777, na Lomba do Pinheiro, terá uma estrutura física total de 15 mil metros quadrados, sendo 10 mil para a fábrica e 5 mil para o centro operacional. Destes, 1.900 metros quadrados serão destinado somente às chamadas “Salas Limpas”. Quanto à potência, vai operar com 9 MVA de carga instalada e 2,5 MVA de geração própria. Depois de pronto, o espaço deverá ser regulamentado juridicamente como uma Organização Social. “Isso permitirá que continue contando com recursos públicos e privados, bem como que permaneça atuando com e para profissionais das duas áreas”, informou o ministro Rezende.