Congresso tem semana de votação de temas polêmicos

Mar 01 2005
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O Estado de São Paulo

O Estado de São Paulo, 01/03/2005

Congresso tem semana de votação de temas polêmicos

 

FÁBIO ZANINI

 

TESTE PARLAMENTAR
Governistas esperam que discurso de Lula não atrapalhe aprovação de pautas tidas como prioritárias

O governo inicia hoje uma dura semana legislativa temeroso de que a polêmica com relação ao discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em que admitiu ter acobertado denúncia de corrupção, atrapalhe a votação de matérias consideradas de máxima relevância pelo Planalto.


Outra preocupação do governo é com a urgência de alguns membros da Câmara em votar o projeto de aumento salarial.


“Espero que essa polêmica sem sentido não seja uma nuvem negra encobrindo a apreciação de projetos que tratam da inserção do país no mundo moderno”, diz o vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS).


A semana colocará à prova a relação do governo com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), que, pela primeira vez, comandará votações estratégicas para o governo. Também está em suas mãos o arquivamento ou a aceitação de um processo por crime de responsabilidade contra Lula protocolado pelo PSDB.


Estão na pauta a Lei de Biossegurança, a PEC paralela da reforma da Previdência e as mudanças nas regras de repasse do Fundo de Participação dos Municípios.


Há ainda a elevação dos salários dos deputados, promessa de campanha de Severino. A matéria precisa de 257 assinaturas para entrar na pauta em regime de urgência -até ontem, tinha 180. Deputados pró-reajuste asseguram que conseguirão as assinaturas.


Em todas as matérias, há risco real de derrota. O tema mais controverso é a Biossegurança, que regula assuntos ligados a organismos vivos, como o cultivo de alimentos transgênicos e o uso científico de células embrionárias.


Ontem, a Frente Parlamentar dos Evangélicos decidiu que vai votar inteiramente contra o projeto caso não haja o desmembramento em duas partes: transgênicos, em que não vê problemas, e as células, que rejeita. “Não podemos aceitar que se manipule células-tronco em estágios embrionários, que também são formas de vida humana”, afirmou o deputado Adelor Vieira (PMDB-SC).


Junto com deputados católicos haveria votos suficientes para derrubar a proposição.
Do outro lado da trincheira, integrantes do movimento Pró-Vida, formado por deficientes físicos que têm interesse nas pesquisas, estiveram ontem na Câmara para fazer lobby pela aprovação.

A mobilização contrária acendeu a luz amarela em integrantes da base aliada. “Seria bom haver outra rodada de negociação”, diz Renildo Calheiros (PC do B-PE), o relator do projeto na Câmara.