CPI que investigará o mensalão é instalada

Jul 06 2005
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Jornal do ComércioJornal do Comércio, 06/07/2005
CPI que investigará o mensalão é instalada

BRASÍLIA – A Comissão Parlamentar de Inquérito que vai investigar as denúncias de pagamento do mensalão foi finalmente instalada ontem depois de sucessivas derrotas das estratégias da bancada governista para impedir sua criação. Essa comissão será mista, formada por deputados e senadores, e não apenas por deputados, como queria o Planalto. Um acordo entre a oposição e os governistas incluiu um adendo no requerimento da CPI para que a comissão investigue também a compra de votos para aprovar a emenda que permitiu a reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Depois de 10 dias tentando evitar a CPI, a bancada governista desistiu e cedeu ao acordo.

“Foram momentos muito tensos. Por minha vontade o acordo podia ter sido fechado muito antes”, disse o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo. A CPI instalada vai investigar, de acordo com o requerimento, “quaisquer vantagem patrimoniais ou pecuniárias indevidas pagas a membros do Congresso Nacional com finalidade de aprovar matérias de interesse do Executivo”, incluindo as negociações para aprovação da emenda da reeleição, aprovada em 1997.

De acordo com o requerimento, serão 17 senadores e 17 deputados, mais o mesmo número de suplentes, que devem ser indicados pelos líderes dos partidos. O prazo de investigação será de 120 dias. O presidente do Senado, Renan Calheiros, responsável pela indicação dos parlamentares para a CPI caso os partidos não o façam, disse que vai marcar uma reunião com os líderes para receber os nomes.

O acordo foi tentado durante todo o dia de ontem, mas até uma hora antes do início da sessão do Congresso em que a CPI foi instalada ainda não havia sido fechado. Em uma última tentativa de impedir a criação, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), ainda tentou um último adiamento.

CONVOCAÇÃO – Já o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados aprovou ontem requerimentos chamando mais 10 pessoas para prestar depoimentos sobre o suposto esquema do mensalão, entre elas o presidente do PT, José Genoíno, e os tesoureiros Delúbio Soares (PT) e Emerson Palmieri (que exerce informalmente a função no PTB).

Há ainda a possibilidade de a investigação não parar no recesso parlamentar de julho, como estava previsto. O presidente do conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), fez o pedido e foi atendido por Severino.