Entre 2003 e 2006, o trânsito causou, por ano: 34 mil mortes; 100 mil deficiências temporárias ou permanentes e 400 mil feridos.
BRASÍLIA — Sem qualquer motivo para comemoração, começou nesta terça-feira a Semana Nacional do Trânsito. “Cem pessoas morrerão no trânsito hoje em nosso País; outras cem, amanhã”, lamentou o presidente da Frente Parlamentar, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS).
Inspirada em conselhos de imigrantes e itinerantes do Vaticano, a cartilha da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conta com o apoio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) e do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). No entanto, a greve dos carteiros no País prejudicará o início da distribuição.
Do Acre a São Paulo, dez milhões de cartilhas contendo os Dez Mandamentos do Trânsito Seguro serão distribuídas nos próximos dias. O anúncio foi feito hoje à tarde, na Câmara dos Deputados, durante o lançamento de campanha educativa , pela CNBB e pela Frente Parlamentar em Defesa do Trânsito Seguro.
Custos dos desastres: R$ 28 bi
De acordo com a Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), entre 2003 e 2006, o trânsito brasileiro causou, por ano: 34 mil mortes; 100 mil deficiências temporárias ou permanentes; 400 mil feridas. Isso custou R$ 28 bilhões. Os números constam do estudo Trânsito no Brasil – Avanços e Desafios, lançado nesta tarça-feira em São Paulo, para marcar o 10º ano de promulgação do Código Brasileiro de Trânsito.
“A educação é a resposta para um trânsito mais humano”, defendeu a diretora artística do Instituto Brasileiro de Difusão Educacional Para o Trânsito”, Rosane Frerichs. Essa organização não-governamental é conhecida por Novo Trânsito e conseguiu reduzir em 22,5% os acidentes automobilísticos em Rio Claro (SP). Nessa cidade, sete em cada dez leitos hospitalares são ocupados por vítimas do trânsito.
A ONG levou ao plenário 2, palco do lançamento da campanha, uma triste notícia: no Distrito Federal houve um aumento de 20% nos óbitos de pessoas nas faixas de pedestre.
O deputado Beto Albuquerque criticou o contingenciamento de recursos para o setor e pediu o empenho do ministro das Cidades, Márcio Fortes.
A Frente divulgará o ranking das cidades que investirão recursos na campanha. “Mostraremos quem mais investe e assume compromisso em benefício da vida”, disse.
Jovens, as vítimas
“Esses mandamentos se resumem a dois: a vida e a caridade fraterna”, comentou o bispo do Luiz Vieira, vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). “O trânsito é uma questão social e os jovens vêm sendo as grandes vítimas”, ele disse.
Anualmente, 1,7 milhão de pessoas obtêm a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) –grande parte de jovens com idade entre 18 e 24 anos –, e cerca de 1 milhão de condutores renovam sua habilitação. A partir de agora, a Igreja Católica enfocará a campanha, nas pregações em todas as paróquias brasileiras.
Segundo a ANTP, 30% das infrações cometidas no trânsito ocorrem fora do estado em que o veículo é registrado. O condutor não é punido, nem é cobrada a multa cabível. Isso representa uma evasão anual de receita de R$ 1 bilhão.
Segundo Beto Albuquerque, a Frente espera reverter a situação. “Deixamos claro que o poder público, os estados e os municípios devem participar com recursos originários de multas de trânsito, para financiar campanhas educativas e sensibilizadoras”, disse Albuquerque.
