Eleições 2010: Rigotto e Fogaça dominam as preferências do PMDB

Jul 20 2009
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ABC Domingo – Grupo Sinos, 19/7/2009
Porto Alegre – O PMDB gaúcho já se movimenta para a corrida ao Piratini em 2010. Sem constrangimentos, aguarda o momento certo para desembarcar do governo de Yeda Crusius (PSDB) e entrar de cabeça na campanha eleitoral – coisa que o PT já fez, tanto que hoje deve confirmar o ministro Tarso Genro como seu candidato a governador. A sigla ainda não definiu, pelo menos oficialmente, data para a escolha do seu – deverá ocorrer no final do ano. Mas dois nomes dominam as preferências dos filiados.

O principal deles é o ex-governador Germano Rigotto, que depois de negar por tantos meses, finalmente "admite" a possibilidade de se candidatar. Mas ele mesmo cita a outra opção: José Fogaça, prefeito de Porto Alegre, que se reelegeu com votação expressiva em 2008. Já Fogaça avisa que seu candidato é Rigotto.

A troca de confetes e gentilezas entre Rigotto e Fogaça sinaliza para um clima de consenso no partido. O que é louvado pelo senador e presidente estadual da sigla, Pedro Simon. Embora saliente a qualidade dos dois nomes, ele parece acreditar que tudo converge para o ex-governador. Simon, inclusive, lamenta a indecisão de Rigotto, que até poucos meses não queria sequer falar em candidatura. "Se tivesse dito antes que era ele, já estaria fazendo a campanha há um ano", observa.

Quanto a Fogaça, Simon lembra que o próprio teria dificuldades para se desligar da prefeitura de Porto Alegre. "E ele defende a candidatura do Rigotto", salienta. Outra opção poderia ser o deputado federal Eliseu Padilha, secretário-geral do PMDB gaúcho. Mas o próprio já avisou que está mais inclinado a disputar o Senado.

Precavido

Rigotto também fala na possibilidade de ir ao Senado, mas reconhece seu favoritismo para ser o candidato ao governo. Mesmo não deixando clara sua opção, já reuniu-se com Onix Lorenzoni (DEM), Beto Albuquerque (PSB), Vieira da Cunha (PDT) e Jeronimo Goergen (PP) para discutir eventuais alianças com o PMDB em 2010. "Deixo todos os canais abertos", explica o precavido ex-governador.

Fogaça admite que também pensa no Piratini. Mas diz que seu nome é uma alternativa para o futuro. "Ainda tenho idade para pensar nisso", brinca o prefeito de 62 anos. Por enquanto, garante, seu compromisso é com o segundo mandato em Porto Alegre. E volta a defender o ex-governador. "Rigotto é o único com força para vencer."

Discurso coeso por candidatura nacional

É notória a coesão de discurso entre os peemedebistas gaúchos. Pedro Simon, Germano Rigotto e José Fogaça, por exemplo, dão rigorosamente a mesma resposta quando questionados se o PMDB deverá apoiar o PSDB ou o PT nas eleições presidenciais. "Eu não posso te responder porque eu luto pela candidatura própria", diz Simon, traduzindo pensamento dos demais.

Rigotto acredita inclusive que falar em nomes como José Serra (PSDB) ou Dilma Rousseff (PT) só serviria para enfraquecer a luta para que a sigla assuma o protagonismo nas eleições presidenciais. Fogaça vai pela mesma linha. Para ele, é importante insistir na tese da candidatura própria, mesmo que a cúpula do partido já sinalize a adesão aos tucanos ou aos petistas.

Além disso, todos se esquivam de responder qual dos dois é melhor candidato: Dilma ou Serra? A resposta geral é de que os dois "são grandes candidatos". Da mesma forma, não há constrangimentos para desembarcar do governo de Yeda Crusius. Eliseu Padilha lembra que o PSDB, mesmo em campanha, continuou no governo de Rigotto até o dia da posse de Yeda. E o deputado lembra que não houve nenhum tipo de cobrança contra o PSDB. "O PMDB fica na mesma situação", compara. Mas o raciocínio de Padilha está em sintonia com o de Simon, Fogaça e Rigotto. "Vamos sair do governo (de Yeda)", avisa.

Os prós e contras

Germano Rigotto
O fato de Fogaça declarar publicamente que não pretende se candidatar, contribui para fortalecer o favoritismo interno do exgovernador. Rigotto talvez só possa ser prejudicado por sua suposta indecisão. O próprio Simon observa que Rigotto é um nome de consenso e que atrai apoiadores. E, por isso, poderia já estar em campanha desde o ano passado.

José Fogaça

Em 2008, Fogaça deu provas que é candidato bom de voto. Se deixar a prefeitura de Porto Alegre, o PDT assume o governo e se transforma em virtual apoiador da candidatura do PMDB – o PDT foi fiel da balança em outras eleições. Mas deixar a prefeitura pode trazer prejuízos eleitorais, como ocorreu com Tarso Genro (PT), em 2002.

Eliseu Padilha

Deputado federal e secretário geral do PMDB gaúcho, Padilha sempre é um nome a ser considerado. Até porque continua influente junto às bases do partido no interior do Estado. Mas, nos últimos meses, vem sofrendo um sério desgaste por ser investigado pelo Ministério Público Federal. E Padilha já manifestou seu desejo de concorrer ao Senado.