Valor EconômicoValor Econômico, 19/05/2004 Erundina recorre de liminar para disputar em SP
A deputada federal e pré-candidata do PSB à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, recorreu ontem da liminar que destituiu a direção municipal do seu partido. Com o recurso, a deputada pretende assegurar seu direito à legenda para disputar a sucessão da prefeita Marta Suplicy.
Um grupo do PSB sem voto e sem expressão quer dominar a direção do partido e entregá-la ao PT para inviabilizar minha candidatura, diz Erundina. O presidente destituído do PSB, José Rolo Venâncio, é partidário da candidatura Erundina, mas a legenda está rachada. Vou levar minha candidatura às últimas conseqüências. Ninguém vai me tirar da disputa, diz a deputada, sem alterar o tom de voz.
Em Brasília, PT e PSB negaram oficialmente que esteja em curso uma negociação para demover Erundina de disputar. Em troca, o PT desistiria da candidatura do deputado Vicentinho em São Bernardo do Campo. Não estamos fazendo negociação desse tipo, garantiu o presidente nacional do PT, José Genoíno.
O primeiro vice-presidente do PSB nacional, deputado Beto Albuquerque (RS), assegurou que a candidatura de Erundina está mantida, porque faz parte da estratégia do partido de lançar candidatos em todos os municípios acima de 200 mil habitantes. Ele disse que o PSB considera Erundina uma alternativa, enquanto Marta e Serra se desgastam na disputa. Além disso, Beto Albuquerque disse que essa troca não interessa ao PSB, pois o PT não tem chance de vitória com Vicentinho em São Bernardo. Albuquerque será candidato do PSB em Porto Alegre.
No PTB, outra legenda que está sendo assediada pelos petistas, surgiu uma terceira pré-candidatura, a do ex-governador Luiz Antônio Fleury Filho. O primeiro a se lançar, o deputado Arnaldo Faria de Sá, diz reconhecer apenas a sua candidatura e a do deputado Ricardo Izar.
O presidente estadual do partido, deputado Campos Machado, confirma apenas o nome de Arnaldo Faria de Sá como pré-candidato do PTB. Fleury só seria indicado se o nome de Sá não vingasse. Se ele quer se lançar candidato agora, não sei por qual partido será.
No PMDB, a manutenção da candidatura própria em São Paulo oficialmente é confirmada. Mas, desde já o pré-candidato Michel Temer poderá ser cristianizado por seus companheiros. Se lançado oficialmente, Temer corre o risco de ter os pemedebistas passando para a campanha petista. Em 2002, o PMDB paulista fez campanha para Lula em vez de Serra, contrariando a coligação nacional. É claro que tem vereador que gostaria de apoiar Marta, diz o ex-governador Orestes Quércia, presidente estadual do PMDB.
Quércia nega que a prioridade do partido tenha sido buscar um posto de vice na chapa de Marta. O partido sempre quis ter candidatura própria, como primeira opção, diz, só em segundo plano estudava a hipótese de aceitar a vice. O PT municipal lançou nota dizendo que a negociação da chapa de Marta não passa pela entrega do cargo de vice e que o que está em negociação é uma coligação na chapa proporcional de vereadores. No encontro municipal, o PT deixou em aberto 30 vagas para candidatos a vereador de outros partidos.
A avaliação de Quércia é que a candidatura Temer em São Paulo auxilia os candidatos a vereador e candidatos em outras cidades. A candidatura Temer seria uma vitrine do PMDB. Essa é a mesma análise do deputado estadual Jorge Caruso, líder do PMDB na Assembléia Legislativa de São Paulo. A candidatura teria dado ânimo ao partido pelo interior e em outras capitais.
Iremos com a candidatura Temer e aí no segundo turno faremos uma composição, preferencialmente com o PT, diz o líder do PMDB na Câmara de Vereadores, Jooji Hato. Outro fator considerado na hora de preservar a candidatura Temer, na avaliação de Caruso, é a campanha na TV. Como São Paulo gera programa de TV para todas as cidades da Grande São Paulo, a campanha do número 15, do PMDB, ajudaria no voto de legenda em outras prefeituras e candidaturas a vereador.
Caruso diz que neste momento uma aliança com o PT é pouco provável e que uma aliança com o PSDB nunca foi cogitada. Os vereadores pemedebistas Antônio Goulart e Milton Leite defenderam a composição com o PT. Foram votos vencidos.
Já Quércia diz que o PSDB tem procurado o PMDB, e considera a busca dos tucanos legítima. Já Goulart é contra: Serra é um ótimo candidato numa eleição majoritária. Não ganha uma. Se o PMDB for com Serra, trabalharei para o adversário.
