Estado: Bloco de Esquerda é lançado no Rio Grande do Sul

Sep 19 2007
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Diário Popular – Pelotas, 19/9/2007

Seis partidos – PDT, PSB, PC do B, PMN, PRB e PHS – lançaram o Bloco de Esquerda na segunda-feira à noite, no auditório Dante Barone, na Assembléia Legislativa. O local ficou tomado de militantes, que receberam lideranças como os deputados federais Ciro Gomes e Beto Albuquerque (do PSB), Manuela D’Ávila (PC do B), Pompeo de Mattos (PDT), além de prefeitos, vereadores e os presidentes estaduais das siglas.

A união dos partidos começou este ano, na formação de um bloco na Câmara Federal, com mais de 70 deputados federais. Agora, o grupo está fazendo lançamentos do projeto pelo Brasil. Porto Alegre foi o terceiro destino – antes, houve cerimônias em São Paulo e no Rio de Janeiro. O grande projeto é o pleito nacional de 2010, mas os partidos assumiram o compromisso de fazer, prioritariamente, alianças entre eles já em 2008, nas eleições municipais.

Questionadas sobre a ausência do Partido dos Trabalhadores, as principais lideranças que compõem o movimento afirmaram que o PT não foi posto de fora. Prova disso é o manifesto de lançamento: o Bloco está aberto a todos os partidos que quiserem aderir a seu programa, diz o texto. Apesar de integrarem a coalizão que apóia o Governo Lula, o grupo não vê contradição em apresentar alternativas sem a participação do PT.

“A principal questão é criar condições para a formulação de um programa nacional de desenvolvimento. O presidente Lula não pode, neste momento, cumprir esse papel, tem que formular estratégias de Governo”, entende o deputado Ciro Gomes, que considera a discussão muito boa para o futuro do País.

É o mesmo que pensa a deputada Manuela D’Ávila. Ela diz não existir contradição em apoiar Lula e integrar o Bloco de Esquerda sem o PT. “Essa iniciativa fortalece o Governo, eleva o projeto político. Vamos contribuir com propostas ousadas, consensuais, como a redução mais acelerada da taxa de juros e a erradicação do analfabetismo. Queremos avançar mais”, resume.

Apesar do discurso, o comentário de vários militantes presentes ao ato era de que o PT ficou de fora por ser um partido hegemônico, sem diálogo para uma aliança, a menos que garanta a “cabeça de chapa” em candidaturas ou a presidência e liderança em composições partidárias.

Mesmo defendendo a articulação do Bloco de Esquerda com o PT, inclusive numa possível candidatura à presidência em 2010, o deputado Pompeo de Mattos refletiu em seu discurso a tese apregoada a boca-pequena, pelo plenário. “A verdade é que temos servido de escada, mas podemos ser o caminho. E não se trata aqui de questionar o presidente Lula. Mas chega de hegemonia de um partido do Governo e um de oposição. Parece que ninguém pensa. Parece que só se diz amém. Mas não é o caso. Aqui tem muita gente que pensa, sim”.

PT cobra unidade

3 Em nota pública distribuída pela Executiva Estadual do Rio Grande do Sul em 17 de setembro, dia do lançamento do Bloco de Esquerda, o Partido dos Trabalhadores manifestou sua “defesa da unidade de todas as esquerdas” e “do projeto de desenvolvimento com inclusão social que está em curso no Governo do presidente Lula”.

3 O Partido aponta ainda que em seu 3º Congresso reafirmou a estratégia de unificar o campo democrático-popular. “O PT manifesta seu empenho em traduzir essa necessidade em um bloco político-social que viabilize as mudanças. Nosso adversário é o neoliberalismo!”.

Campanha de 2006 é referência

Os partidos que compõem o Bloco de Esquerda acertaram, em consenso, um programa mínimo, “para o Brasil avançar mais”. As propostas são integrantes ou derivadas da campanha de reeleição do presidente Lula. “Há condições para aprofundar as mudanças em nosso País, resgatando os compromissos assumidos em 2006”, diz o manifesto.


Entre as propostas que incluem economia, política, saúde, educação, segurança e Amazônia, destacam-se:

3 defesa da autonomia do Governo para decidir sua política macro-econômica, com subordinação do Banco Central ao plano nacional de desenvolvimento;

3 redução de superávit primário para que o Estado possa investir mais;

3 aprofundar a redução da taxa de juros;

3 reforma agrária ampla, com política agrícola que promova o desenvolvimento da agricultura nacional;

3 apoio ao aperfeiçoamento do PAC, com crescimento econômico mínimo de 5% do PIB e taxa anual de investimentos acima de 25%;

3 defesa dos direitos dos trabalhadores, elevação do salário-mínimo e fortalecimento da Previdência Social pública;

3 apoio à política externa do Governo, com o aprofundamento das relações Sul-Sul;

3 apoio ao Plano de Desenvolvimento da Educação;

3 promoção da reforma urbana, reforma tributária, reforma universitária e reforma política.