Estresse com mudança paralisa ministérios
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O Estadão
O Estadão, 20/01/2004
Estresse com mudança paralisa ministérios
BRASÍLIA – A demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em tomar uma decisão sobre a reforma ministerial estressou a Esplanada dos Ministérios. Cada toque do telefone celular ou do gabinete representa um sobressalto, de acordo com assessores ministeriais que acompanham a agonia dos chefes. Pode ser o convite para uma reunião com Lula. Tais convites, nesta hora, são motivo de susto.
À ansiedade soma-se o risco de uma certa paralisia no governo. Por mais que o presidente Lula diga que os ministros devem continuar trabalhando normalmente, os que estão na lista de demissionários não conseguem manter a normalidade. Até as mulheres dos ministros estão sendo envolvidas no pesadelo diário que persegue os que vêem seus nomes citados diariamente como alvo de futuros sacrifícios. Preocupadas com os companheiros, elas ligam umas para as outras atrás de notícia, mas dificilmente conseguem novidades.
A reforma transformou-se numa agenda que não acaba nunca. Isso consome o governo. Entendo que é difícil demitir um companheiro, mas o presidente tem de bater o martelo e dizer: pronto, saem estes e entram aqueles, diz o deputado Walter Pinheiro (PT-BA).
A ministra da Assistência e Promoção Social, Benedita da Silva, é uma das figuras que têm corrido atrás de socorro. É comum um deputado ou senador atender o telefone e do outro lado ouvir a voz sofrida da ministra. Na semana passada, ela dizia que não quer sair. E emendou: Quem é que quer?
O presidente do PT, José Genoino, avisa que não adianta correr atrás dele.
A presidência do PT não faz lobby contra ou a favor de ninguém. Para o vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), Lula deveria decidir logo:
Uma reforma que fica meses em especulação põe todo mundo na frigideira.
E enquanto a reforma não sai, os postos de poder no Congresso, por exemplo, já estão em negociação. Se o Planalto não conseguir reacomodar o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, o PT já estuda a alternativa de indicá-lo para presidir a Comissão de Orçamento da Câmara. No caso do PMDB, a dificuldade vai ser encontrar lugar para os senadores preteridos. Pelo menos cinco são candidatos a cadeira de Berzoini: os senadores Maguito Vilela (GO), Garibaldi Alves (RN), José Maranhão (PB), Hélio Costa (MG) e Alberto Silva (PI).