Governo agora investe em Aldo
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Jornal do BrasilJornal do Brasil, 23/09/2005
Governo agora investe em Aldo
Aliados de Lula apostam em ex-ministro para derrotar José Thomaz Nonô na disputa pela presidência da Câmara
BRASÍLIA – A rejeição dos partidos aliados, principalmente o PMDB, à escolha do petista Arlindo Chinaglia (SP) para disputar a presidência da Câmara levou o líder do governo na Casa a abrir mão de sua candidatura em nome do ex-ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo. Rebelo entra na disputa com o apoio do PT, PSB e PCdoB. Apesar de ter a maior bancada na Casa, os petistas curvaram-se à crise política que os atinge e foram obrigados a abrir mão do direito a disputar a presidência da Câmara.
– Desde a renúncia de Severino Cavalcanti (PP-PE), a bancada governista procurava um nome que pudesse unificar as suas aspirações. Sou a segunda opção da maioria dos partidos mas, como o tempo é curto, resolvi retirar minha candidatura – reconheceu Chinaglia.
A sexta-feira será de reuniões. Os três partidos que apóiam Aldo Rebelo vão correr atrás, agora, dos demais integrantes da bancada governista. Para o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), a situação mais complicada é a do PTB, que lançou a candidatura de Luiz Antonio Fleury Filho (SP). PP e PL também têm seus nomes, assim como o PMDB.
– Algumas lideranças importantes do PMDB sinalizaram que apoiariam o nome de Aldo. Reconhecemos, contudo, que os peemedebistas sempre têm dificuldade em unificar seus discursos – acrescentou Casagrande.
Foi justamente o PMDB quem expôs claramente ao Planalto que aceitaria apoiar um candidato da bancada governista, desde que não fosse do PT. Chegaram ameaçar manter a candidatura de Michel Temer (SP) ou até apoiar o pefelista José Thomaz Nonô (AL), de olho na primeira vice-presidência da Casa.
O aviso, que já havia sido ensaiado em um almoço na residência do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi ratificado ontem entre peemedebistas e petistas no Senado.
O PT levou menos de 24 horas para perceber que a intransigência da bancada, ao escolher um nome com carimbo governista e de difícil trânsito entre os aliados, poderia dar de bandeja a presidência da Câmara para a oposição. Ao meio-dia, quando os líderes bateram o martelo marcando a eleição para a próxima quarta, todos os partidos aliados tinham seus próprios candidatos.
O PSB apresentou o nome de Beto Albuquerque (RS). O PP apoiava por unanimidade a candidatura de Francisco Dornelles (RJ). Dornelles, contudo, afirmou que não seria jamais motivo de desacordo para a Casa e que, se não tivesse condições mínimas para disputar, abriria mão da candidatura em nome de Ciro Nogueira (PP-PI), Corregedor-Geral da Câmara e aliado de primeira hora de Severino Cavalcanti.
O PTB lançou um empolgado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP), que reconheceu ser uma zebra, repetindo o papel de azarão quando da vitória para o governo de São Paulo. O PL dividia-se em dois nomes que fazem os olhos do baixo clero brilhar: João Caldas (AL) e Inocêncio Oliveira (PE). Caldas candidatou-se, mas Inocêncio faz charme. Os líderes afirmaram que Inocêncio presidirá a sessão de quarta. Logo, não poderá disputar.
Apesar de todas as negociações, Michel Temer (SP) não demonstrava muita disposição em recuar. Dizia acreditar na possibilidade de uma aliança com o PSDB. Mas os tucanos fecharam questão em torno de José Thomaz Nonô (PFL-AL), vice-presidente da Câmara. Só que os movimentos palacianos deixaram os tucanos preocupados.
– Se a eleição fosse hoje (ontem), o Nonô venceria fácil. Mas o governo deixou uma porta aberta para o PMDB. Se eles entrarem, o Planalto só perde se fizer muita bobagem – reconheceu um assessor do PSDB.
Uma eleição sem santinhos
Marcada para a próxima quarta-feira, a eleição para presidente da Câmara dos Deputados terá novas regras e um inédito debate televisionado entre os candidatos. Por consenso, os líderes partidários reunidos ontem pela manhã decidiram proibir a utilização de cartazes, faixas, banners e santinhos na campanha eleitoral interna, o que, se for respeitado, fará dessa uma eleição bastante diferente das anteriores.
Trata-se de um acordo informal, no entanto, sem previsão de sanções para quem descumpri-lo.
Na eleição que consagrou Severino Cavalcanti (PP-PE), em fevereiro, os corredores, gabinetes e salas da Câmara ganharam o apelido de ""arraial de festa junina"", tamanha era a quantidade de bandeirinhas e faixas afixadas.
O mesmo ocorreu em 2001, na disputa entre o então pefelista Inocêncio Oliveira (PE) e o tucano Aécio Neves (MG), vencida por este último.
– Não há tempo para grandes produções de campanha, mas, mais importante, não existe clima – disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). No máximo, será autorizada a distribuição de cartas-compromisso, como já fezontem um dos candidatos, Beto Albuquerque (PSB-RS).
Há uma avaliação entre líderes partidários de que houve excesso nas campanhas anteriores. Para piorar, a agência SMPB, de propriedade do publicitário Marcos Valério de Souza, esteve envolvida em algumas delas, produzindo material para João Paulo Cunha (PT-SP) em 2003 e para Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) em 2005. A necessidade de manter uma campanha ""sóbria"", em respeito ao atual momento de crise, foi uma das razões apontadas pelos líderes na reunião, mas não a única.
Prevaleceu também a idéia de a Câmara dar o exemplo no momento em que está em tramitação na Casa uma proposta que reduz em muito os custos de campanhas políticas nas eleições do ano que vem. Batizada de ""minirreforma política""que tem de ser aprovada até o final da semana que vem para valer já em 2006.