Governo volta a avaliar troca de dívida por ações para salvar a Varig
Dec
17 2004
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Valor, 17/12/2004
Governo volta a avaliar troca de dívida por ações para salvar a Varig
Governo volta a avaliar troca de dívida por ações para salvar a Varig
Henrique Gomes Batista, Taciana Collet e Nelson Niero De Brasília e de São Paulo
O governo voltou a apostar na troca de dívidas por ações como a opção mais viável de salvamento para a Varig. Ontem, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, disse que uma das alternativas que o governo está avaliando para solucionar os problemas da empresa é fazer a com que os credores se transformem em acionistas.A solução definitiva, entretanto, ainda não tem previsão de ser anunciada. “Tememos que a questão seja adiada para o próximo ano”, disse o ministro, admitindo que o governo ainda está indeciso sobre a solução a ser adotada para garantir uma reestruturação para a Varig.
Dirceu informou que o vice-presidente da República e ministro da Defesa, José Alencar, está agora avaliando essa sugestão – de trocar dívidas por ações – apresentada, na quarta-feira, pelo vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque (PSB-RS), durante um café da manhã com o vice-presidente. “Essa proposta vai na linha da nova Lei de Falências, aprovada nesta semana no Congresso”, afirmou Dirceu.
“Essa proposta não é a estatização da Varig, pois a empresa não tem apenas o governo como credor”, comentou o ministro, embora o governo seja o maior credor da companhia.
Ele acredita que será necessário fechar um grande acordo com muitas empresas, inclusive com a possibilidade da entrada de um sócio estrangeiro até o limite de 20% de capital. “Se isso ocorresse, o governo poderia vender as suas ações logo depois. Seria uma estatização por um curto período”, admitiu.
Segundo uma fonte que participa das negociações, essa modelagem prevê a conversão da dívida de credores privados e do governo, acompanhada de um processo de reestruturação da companhia. Numa etapa posterior, seria feita uma oferta pública das ações, permitindo a saída dos sócios e pulverizando o capital.
O modelo prevê a criação de um “comitê de transição”, no qual essas negociações seriam feitas. Segundo a fonte, os credores privados já teriam sido ouvidos e estariam dispostos a aderir ao plano.
No entanto, o governo deve encontrar resistências, principalmente de multinacionais, que teriam que justificar a operação a seus acionistas. Em entrevista recente ao Valor, a Boeing, um dos maiores credores, descartou essa possibilidade.
Qualquer que seja a decisão do governo, ela terá que passar pelo crivo de várias áreas, como os ministérios da Defesa, Fazenda, Justiça, Casa Civil e BNDES. Hoje, os estudos e sugestões estão sendo centralizados pelo vice-presidente da República, que ainda não apresentou uma proposta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ontem, o presidente da Infraero, Carlos Wilson, voltou a minimizar as suas declarações de terça-feira, quando disse, em Manaus, que o governo poderia intervir na Varig até sexta-feira. “Era uma opinião pessoal”, afirmou.
Wilson não quis comentar a proposta do deputado Beto Albuquerque. “Vamos aguardar a solução que será adotada e aí nós apresentaremos ao conselho diretor da Infraero”, disse. A Varig possui débitos de R$ 132 milhões com a Infraero, que entrou ontem na Justiça para tentar receber.