“Irei para o PSB”
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Zero Hora – Porto AlegreZero Hora – Porto Alegre, 28/09/2005
"Irei para o PSB"
Entrevista José Luiz Stedile prefeito de Cachoeirinha
MARCIELE BRUM
Há cinco anos no governo de Cachoeirinha, o prefeito José Luiz Stedile, 48 anos, resolveu abandonar o PT ontem e deixar o partido sem uma de suas principais prefeituras no Estado. O fundador da sigla no município irá anunciar amanhã a filiação ao PSB. Stedile nega a possibilidade de a escolha indicar uma possível candidatura a deputado em 2006. Ele diz estar descontente com o governo federal e com a falta de perspectiva de mudança no PT. O irmão dele, o líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) João Pedro Stedile ainda não havia sido informado sobre a troca. Em uma semana de baixas, o PT deverá contabilizar a perda de outros nomes estratégicos no Rio Grande do Sul. Hoje, às 18h30min, mais de 200 líderes estudantis e sindicais e vereadores irão se filiar ao P-Sol. O ex-secretário municipal de Saúde Lúcio Barcellos, a 2ª vice-presidente do Cpers, Neiva Lazzarotto, e o secretário-geral do Sindjus, Giovanni Ferraz, também estão na lista. Ontem à tarde, o prefeito concedeu entrevista a Zero Hora por telefone:
Zero Hora – Por que o senhor está abandonando o PT antes do segundo turno da eleição interna do partido?
José Luiz Stedile – Acreditamos que não há chance de o pleito alterar o quadro da sigla em nível nacional. A nossa crítica não é dirigida especificamente à direção do partido. Estamos descontentes com a política econômica do governo federal. Há juros altos, falta de recursos para questões sociais e privilégio aos bancos.
ZH – Mesmo que o deputado gaúcho Raul Pont, que representa a esquerda do partido, vença a eleição para a presidência nacional do PT, não haverá mudança?
Stedile – Não há essa possibilidade. Não acredito que a esquerda sairá vencedora. Gosto muito de Pont e votaria nele se ficasse no PT. Gosto muito de Olívio Dutra (presidente eleito do partido no Estado) e de Tarso Genro (presidente nacional da sigla). A minha disputa não é com eles. O fato é que não estávamos mais nos sentindo representados no partido.
ZH – O seu passado no PT não serve de estímulo para insistir na reconstrução?
Stedile – Sou fundador do PT. Fui o primeiro presidente na cidade, que foi uma das primeiras a legalizar a sigla, e filiei muitas pessoas. É com muita dor que tomo essa decisão.
ZH – A sua saída do PT representa a perda de um nome e de uma prefeitura importante no Estado. O senhor foi assediado para permanecer?
Stedile – Muitos petistas me ligaram. Mas não havia mais ambiente e clima para a manutenção dessa história. Mesmo assim, acreditamos na boa intenção do presidente Lula, que poderá recuperar a economia, e continuaremos sendo aliados em questões importantes.
ZH – O senhor irá ingressar em um novo partido?
Stedile – Sim. Eu e 150 filiados do PT saímos e recebemos oito convites. A decisão foi tomada hoje (ontem) ao meio-dia. Mas é uma posição pessoal e não pedi que o grupo me acompanhasse. Afinal, eu também saí do PT porque as pessoas eram filiadas sem critérios e sem saber o motivo exato. Apenas para ganhar ou perder eleições. Havia interesses para muitos manterem cargos. Não concordamos com filiação em massa.
ZH – Mas para aonde vocês irão migrar?
Stedile – Iremos liberar as pessoas para escolherem o partido que quiserem. Sérgio Zambiasi, do PTB, que é meu amigo, me ligou. Beto Albuquerque, do PSB, me convidou em um almoço. O PV, PPS, PDT, P-Sol, PC do B e PCB também me procuraram. Na quinta-feira, irei confirmar a minha escolha. Irei para o PSB.
ZH – Por que o senhor optou pelo PSB?
Stedile – É um partido coerente. A minha preocupação é construir um partido de esquerda, ligado aos movimentos sociais.
ZH – O senhor ficou sabendo de outro prefeito petista que seguirá o seu caminho? Haverá uma debandada?
Stedile – Irá depender do resultado da eleição interna. Muitos ainda acreditam que é possível mudar. Quatro prefeitos gaúchos já manifestaram a intenção de sair, mas não estão se preocupando em decidir neste período. Normalmente, quem está tomando a decisão agora é porque quer se candidatar a deputado em 2006 (candidatos têm até sexta-feira para se filiar ao partido pelo qual pretendem concorrer).
ZH – Então, o senhor será candidato no próximo ano?
Stedile – Não irei concorrer a deputado.
( marciele.brum@zerohora.com.br )
Jose Luiz Stedile, prefeito de Cachoeirinha
"Sou fundador do PT. Fui o primeiro presidente na cidade, que foi uma das primeiras a legalizar a sigla, e filiei muitas pessoas. É com muita dor que tomo essa decisão."