Irritado, Lula cobra aprovação do Orçamento em reunião do conselho político
- Posted by: Ass. Imprensa
- Posted in Beto na Mídia
- Tags:
O Globo, 11/03/2008
Cristiane Jungblut e Isabel Braga – O Globo; O Globo Online e GlobonewsTV
BRASÍLIA – Diante do impasse para a votação do Orçamento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu tratar pessoalmente das articulações com a base para que a proposta seja aprovada na quarta-feira. Depois de adiar a viagem que faria a Palmas (TO), Lula se reuniu nesta terça-feira com líderes e o conselho político no Planalto e, mostrando irritação, voltou a cobrar a votação. Também nesta terça, o ministro das Relações Institucionais, José Múcio, disse que o Orçamento será votado com ou sem acordo.
– Estou cansado dessa situação de ter maioria e de não se exercer a maioria. Esta na hora de medir forças com a oposição, não podemos ficar reféns da minoria – disse Lula, de acordo com presentes.
– O presidente ponderou ao seu estilo franco e afetivo. Ele realmente chamou a base para a governabilidade. Temos que votar o Orçamento – afirmou o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS).
O vice-líder do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS), ressaltou o apelo feito por Lula.
– O presidente deu um cartão amarelo para base – disse Beto Albuquerque.
" O presidente estava bravo "
– O presidente estava bravo – completou o líder do PSB na Câmara, Márcio França (SP), que confirmou que Lula conversará com os presidentes do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para que não sejam restringidas demais as regras para a edição de MPs, como querem vários parlamentares.
Já o líder do PT na Câmara, Maurício Rands (PE), disse que a conclusão da reunião é de que chegou a hora de "virar o jogo".
– Não dá para constantemente deixarmos de exercer a maioria que o governo tem na Câmara e no Senado, não dá para ficar refém de uma minoria. O fundamental é que na quarta-feira, de uma vez por todas, o Orçamento seja votado.
Antes de viajar para Dianópolis, na divisa da Bahia com Tocantins, onde participa da inauguração do projeto de irrigação Manoel Alves, obra que faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Lula alertou que se o Orçamento não for aprovado, o governo precisará editar MPs.
Votação mesmo sem acordo
Antes de participar de uma reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o PMDB sobre reforma tributária , José Múcio disse que o governo votará o Orçamento mesmo que não haja acordo.
" Vamos votar amanhã o orçamento porque ele não deve ser um motivo de batalha entre governo e oposição "
– O governo está preocupado com o fato de a oposição, que não é maioria, estar conduzindo a pauta. Vamos votar amanhã o Orçamento porque ele não deve ser um motivo de batalha entre governo e oposição. Até agora não votamos e já começamos a sentir os reflexos – afirmou Múcio.
Mais tarde, ao chegar ao Congresso para a sessão solene em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, disse esperar que o Orçamento seja votado logo.
– É muito importante para o país que haja a abertura do Orçamento para que a gente possa fazer as obras de que o país tanto necessita.
Para o senador Renato Casagrande (ES), líder do PSB no Senado, é preciso buscar um acordo em torno do Anexo de Metas, um dos pontos divergentes entre governo e oposição. No entanto, em nota divulgada na segunda-feira, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o partido está pronto para aceitar o rateio dos R$ 534 milhões entre as 27 bancadas estaduais, levando em consideração critérios populacionais e de distribuição dos recursos Fundo de Participação dos Estados (FPE).
– Precisamos tentar buscar um acordo em torno do Anexo, um ponto de divergência importante. Há parlamentares da oposição e do governo que defendem e que não defendem. Além do Orçamento, temos outra MP que pode perder a vigência, que é a da TV Pública – comentou.
Cobranças desde segunda-feira
A preocupação de Lula com a votação do Orçamento vem desde segunda-feira, quando Lula cobrou empenho em reunião com a bancada de senadores do PT e responsabilidade dos políticos durante o programa "Café com o presidente".
A reação do Congresso às declarações foi imediata. Tanto o deputado Arlindo Chinaglia quanto o senador Garibaldi Alves disseram que a culpa do atraso na aprovação do Orçamento foi da obstrução da pauta feita no ano passado em função da votação da CPMF no Senado e disseram que Lula deveria cobrar as suas lideranças.