Líder por dois meses, Miro pede para sair
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O Globo, 24/03/2004
Líder por dois meses, Miro pede para sair
BRASÍLIA. Com apenas dois meses no cargo, depois de sair do Ministério das Comunicações, o deputado Miro Teixeira (sem partido-RJ) deve deixar a liderança do governo na Câmara. Ele já avisou ao Palácio do Planalto de sua disposição de sair da função. Segundo amigos do deputado, Miro teria conversado, inclusive, com o chefe da Casa Civil, José Dirceu, mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda vai tentar mantê-lo no cargo.
Procurado ontem pelo GLOBO no início da noite, ele não retornou as ligações. A assessoria da liderança do governo não confirmou a notícia e informou que Miro não estava ontem em Brasília por causa de uma forte gripe.
A mais de um interlocutor, ele demonstrou nos últimos dias desconforto em cumprir os compromissos assumidos anteriormente pela Assessoria Parlamentar do Palácio do Planalto com deputados. Na ocasião, a subchefia da Casa Civil para Assuntos Parlamentares era ocupada por Waldomiro Diniz, que deixou o cargo em fevereiro depois que foi flagrado cobrando propina de um bicheiro.
Segundo esses mesmos interlocutores, Miro também estaria preocupado em refazer a sua base política no Rio, já que deixou o PDT no início do ano.
– Desde que saiu do PDT, Miro está sentindo a necessidade de consultar suas bases e refazer seu espaço político no Rio – observa o líder do PDT na Câmara, deputado Doutor Hélio (SP), amigo de Miro Teixeira.
Líderes aliados criticam atuação de Miro Teixeira A atuação de Miro Teixeira recebeu algumas críticas de líderes aliados. Até mesmo os vice-líderes do governo já fizeram reclamações ao Planalto. A principal reclamação é que ele conversa pouco com os líderes e raramente faz
reuniões para direcionar a base em votações importantes. Em alguns momentos, o líder também tem tido posição contrária à do governo.
O caso mais polêmico envolvendo Miro foi no debate da reforma política, há duas semanas.
Apesar de o Planalto trabalhar nos bastidores para tornar viável esta reforma como pauta da agenda positiva, Miro declarou-se contrário à proposta, batendo de frente com o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), e disse que não tinha recebido nenhum recado para
tratar do tema. Irritado com a posição do líder, João Paulo chegou a telefonar para o presidente Lula e o ministro Dirceu.
– Agora, vocês é que convençam Miro de que a reforma política é importante para o governo – desabafou João Paulo no telefonema à Lula.
Deputados e líderes aliados costumam fazer um paralelo entre a gestão de Miro e a do ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, que ocupava a função no ano passado.
– O Aldo fazia três reuniões por dia e orientava a base. Sabia conversar. Agora, estamos sem rumo. Antes tínhamos o controle da Câmara. Mas agora o governo corre o risco de perdê-lo – diz o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), que já alertou o Planalto sobre as dificuldades que o governo está encontrando.