Lula promete jogar duro com aliados pró-CPI
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Jornal Agora – Rio Grande
Folhapress) – Numa viagem de 26 horas de Brasília até Seul, capital da Coréia do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamou duramente do comportamento do seu partido, o PT, e concordou que deve retaliar os congressistas de sua base aliada que permanecerem apoiando a CPI dos Correios.
Em conversas com deputados que participaram do vôo, Lula disse que "ninguém está acuado, ninguém está com medo". Sobre a hipótese de a CPI vir a ser mesmo instalada, declarou: "Nós vamos para a ofensiva".
A frase do presidente foi a conclusão de um diálogo seu com um dos vice-líderes do governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS). O deputado argumentou com Lula que seria necessário mudar de atitude com os aliados que mantivessem o apoio à CPI.
"Essa lista de assinaturas da CPI é muito clara. Vai acabar o pão-de-ló e o cafuné para quem quiser jogar contra o governo. Tem de acabar essa conversa de verba, de obra. Essa conversa não vamos mais ter com quem não for do governo, no ônus e no bônus."
A reportagem perguntou o que presidente da República disse ao ouvir essa exposição. Albuquerque respondeu: "Ele concordou.
Disse que ‘governo é governo’". Para o vice-líder governista, "é justificável a retirada de assinaturas da CPI", pois o governo já determinou a investigação pela PF.
Além de Albuquerque, estavam também no vôo presidencial os deputados João Caldas (PL-AL) e Hidekazu Takayama (PMDB-PR), os governadores Lúcio Alcântara (PSDB-CE) e Germano Rigotto (PMDB-RS), e os ministros Antonio Palocci (Fazenda), Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Roberto Rodrigues (Agricultura) e Celso Amorin (Relações Exteriores).
Lula fez críticas ao seu partido. Disse que os petistas deveriam levar em consideração um discurso recente do ministro das Cidades, Olívio Dutra. "Ele disse que o Olívio deu um recado para a moçada mais jovem petista. Disse que todos têm de ter responsabilidade com a governabilidade", relatou o deputado João Caldas.
Segundo o governador Germano Rigotto, o presidente também citou a derrota recente do PT na disputa para a presidência da Câmara. Na ocasião os petistas tinham dois candidatos e foram derrotados por Severino Cavalcanti (PP-PE). Lula acha que a derrota foi culpa exclusiva do PT.
Ao falar de política em geral, o presidente voltou a se declarar contra o sistema que permite reeleição. Rigotto disse que Lula considera a reeleição "sem sentido", a não ser que sejam cumpridas duas condições: 1) "que o governante esteja convencido de que pode fazer um mandato melhor" e 2) "se não depender de acordos espúrios, que vão contra os seus princípios.