Lula tenta justificar hoje aumento do mínimo
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O Estado de São Paulo
O Estado de São Paulo, 03/05/2004
Lula tenta justificar hoje aumento do mínimo
BRASÍLIA – Quatro dias depois do anúncio do novo salário mínimo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva justificará hoje, pela primeira vez, no programa de rádio Café com o Presidente, os motivos que o levaram a conceder aumento real de apenas 1,2%, fixando o valor em R$ 260. O reajuste do salário mínimo provocou reação negativa no Congresso, da oposição aos partidos da base aliada, e causou insatisfação nas centrais sindicais e outras entidades de trabalhadores, o que ficou patente nas manifestações de 1º de Maio.
O presidente começa o dia falando de salário mínimo e deve encerrar a jornada com uma reunião política, no Palácio do Planalto. Será uma preparatória do conselho político do governo, formado por presidentes dos partidos aliados, que Lula deseja pôr em funcionamento.
Desde que assumiu, Lula promete reunir o conselho, mas nunca concretizou a idéia. Temos de consolidar a maioria política, superando os pequenos problemas na base, através de um diálogo permanente e amplo, disse o presidente do PT, José Genoino, que participará da reunião de hoje em Brasília.
Genoino, que conversou sábado com Lula, comentou que não há motivos para ele se desculpar com os trabalhadores pelo baixo reajuste do mínimo. Foi uma decisão dura, mas segura, correta e necessária, afirmou. Ele não tinha outra possibilidade diante da realidade financeira e fiscal do País.
A discussão de temas nacionais com o conselho torna-se necessária diante das dificuldades que o governo vem enfrentando em sua base de sustentação no Congresso. Nesta semana, os líderes aliados terão sucessivas negociações para conter o ímpeto de parlamentares que desejam alterar a medida provisória do salário mínimo.
O governo precisará controlar a base para evitar novos desgastes políticos e preservar a posição do presidente. As bancadas aliadas vão se reunir na semana para tomar uma posição. No Planalto, a idéia é idéia é nomear para relator da MP um deputado de total confiança.
Rebeldia – Na semana passada, Lula atuou para conter focos de rebeldia na base, ao jantar com a bancada do PTB e tomar café da manhã com deputados do PP, que estavam obstruindo a pauta da Câmara.
Vamos fazer um mutirão para limpar a pauta e não vamos tolerar dissidências, afirmou o vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), acrescentando que oito MPs estão bloqueando o trabalho do plenário.
A orientação dos líderes governistas é não permitir alterações na MP . Eles avaliam que qualquer mudança significaria mais desgaste para Lula. Vamos tratar proselitismo com indiferença e com seriedade quem realmente apresentar alguma receita concreta que aumente o reajuste, continuou Beto Albuquerque.
O líder do PT, Arlindo Chinaglia (SP), já convocou reunião da bancada para amanhã. Entre os deputados, há o receio de que, mais uma vez, a Câmara atenda às orientações do governo e, depois, o Senado promova mudanças. O governo precisa sintonizar seu discurso para que as mesmas decisões sejam válidas para as duas Casas.