Miro deixa liderança do governo
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Jornal do Brasil
Jornal do Brasil, 25/03/2004
Miro deixa liderança do governo
A liderança do governo na Câmara está vaga. Alegando questões pessoais, o deputado Miro Teixeira (sem partido-RJ), confirmou ontem que vai deixar o cargo. Só aguarda conversa com o presidente Lula, que definirá a data da saída. Miro comunicou a decisão no fim da semana passada aos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), e ao líder do PT na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
– Sem dúvida, vou deixar a liderança. Estou finalizando a minha saída do PDT. Terei que fazer uma nova opção partidária, que, com certeza, baterá de frente com os demais partidos da base – justificou.
Ele rebateu as insinuações de que sua saída seja fruto de incompatibilidade com as articulações políticas comandadas por Aldo Rebelo. Segundo Miro, não existe qualquer acordo selado pelo ministro e ex-líder do governo que não possa ser sustentado. Disse que voltará suas atenções para a política fluminense. Negou que sua ausência em reuniões da Câmara tenha provocado
atritos:
– As reuniões se tornaram desnecessárias diante da eficiência dos líderes partidários.
Não é isso que falam os demais parlamentares. Um dos líderes governistas lembra que, no ano passado, havia reuniões semanais para avaliar crises e apontar caminhos, prática abandonada desde que Miro chegou ao cargo.
– Se não fizermos isso, se não tivermos uma avaliação do que está acontecendo, acabamos nos atrapalhando – diz o parlamentar.
Outro deputado, da oposição, atribuiu à crise política a desistência de Miro em ficar no cargo, onde se via obrigado a defender o governo. Já há até quem esteja pensando em nomear o sucessor de Miro.
– É um pena se Miro deixar a liderança. Se isto se confirmar, o PSB apóia o nome de Beto Albuquerque (PSB-RS) – disse o líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES).
Na semana passada, um dos interlocutores de Miro, o líder do PT, Arlindo Chinaglia (SP), demonstrou surpresa diante das especulações sobre a troca de liderança. Acredita que, enquanto Miro – que está no Rio recuperando-se de uma forte gripe – não conversar com o presidente Lula, nada será resolvido.
Estranhou também a indicação de substitutos, que cabe ao presidente.
(P.T.L.)