Mudanças na Uergs reacendem disputas entre municípios
Antes de sair do papel, um projeto de unir 24 unidades praticamente autônomas da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) em torno de sete centros regionais provoca embate entre municípios gaúchos.
Em 2006, a reitoria planeja concentrar laboratórios avançados, equipamentos, bibliotecas e professores em cidades previamente escolhidas por conselhos consultivos em cada região. Apesar de não haver ameaça de fechamento em lugares menores, municípios brigam para ser sede do campus regional na expectativa de se tornar pólo de ensino, pesquisa e extensão. Hoje, serão instalados os conselhos consultivos que discutirão o assunto.
Segundo o reitor da Uergs, Nelson Boeira, a mudança é fundamental para a sobrevivência da instituição, que conta com um orçamento anual de R$ 24 milhões neste ano. Para manter o modelo antigo, seriam necessários no mínimo R$ 100 milhões ao ano. Atualmente, há 4,5 mil alunos matriculados em 15 cursos diferentes e mais de 250 professores, sendo 90% mestres e doutores.
– Queremos fazer mais utilizando menos dinheiro e evitar que a universidade se pulverize. Não deixaremos de atender ao conjunto – assegura Boeira.
Até 9 de maio, conselhos consultivos discutirão qual a melhor cidade para receber o centro regional. A discussão terá a participação dos conselhos regionais de Desenvolvimento (Coredes), associações, prefeituras e universidades. O município escolhido terá de oferecer contrapartida financeira e espaço físico para promover a reestruturação.
Especialista alerta para racionalização de verba
O sociólogo Carlos Monteiro, especialista em Gestão Universitária pela Universidade de Michigan, destaca que a racionalização de recursos nas universidades brasileiras é uma necessidade para qualificar o serviço educacional.
– É melhor investir em pólos regionais fortes do que criar muitas unidades fracas. Com recursos limitados, é preciso ter prioridades. A questão sempre gera polêmica – argumenta Monteiro.
O presidente da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), Heitor Petry, espera que a proposta não seja motivo de distanciamento entre os municípios:
– A criação da Uergs gerou disputa entre as regiões já superada. A Famurs não irá se envolver no debate sobre a localização dos centros para não haver divisão.
