No Congresso – Líderes definidos

Jan 21 2004
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Correio Braziliense, 21/01/2004
No Congresso – Líderes definidos

Helayne Boaventura

Partidos aliados ao Planalto escolhem os nomes dos novos representantes governistas no Legislativo. Arlindo Chinaglia (PT-SP) é mais cotado entre petistas, mas reforma ministerial influenciará decisão O deputado petista Arlindo Chinaglia (SP) é o nome mais forte para ocupar a
vaga aberta por Nelson Pellegrino (BA) na liderança do partido na Câmara A decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre os nomes da equipe ministerial não influenciará apenas no desenho da Esplanada dos Ministérios.


PMDB e PSB já têm os nomes para suceder seus líderes na Câmara, que deixarão a Casa para transformar-se em subordinados diretos do presidente da República. Os rumos da reforma ministerial pode influenciar também nos rumos da disputa pela liderança petista na Câmara. Um novo nome pode entrar na corrida pela vaga de líder do partido.

Por enquanto, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) é o mais forte para ocupar a vaga aberta pelo líder Nelson Pellegrino (PT-BA). O adversário oficial de Chinaglia é o deputado Henrique Fontana (PT-RS), com poucas chances de vitória. O deputado Patrus Ananias (PT-MG) pode, no entanto, tornar-se um novo elemento na disputa e embolar a briga pela liderança. Se não for escolhido para comandar o superministério social, para o qual está cotado, Ananias pode lançar o seu nome a líder do partido, com influência suficiente para pôr em risco a força de Chinaglia.


A vantagem de Patrus Ananias sobre Chinaglia está na simpatia que ele obtém em alas da esquerda do partido ligadas à Igreja Católica. Ele também tem forte apoio do Palácio do Planalto. Seu nome também é cotado para presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, a comissão mais importante da Casa. Mas Chinaglia é um nome influente na legenda e confia que será o líder. Tem tido a colegas que ouviu do presidente do PT, José Genoino, que é o candidato do governo (leia mais na página 4).


Enquanto o PT se debate em cenários, no PMDB, as cartas estão decididas. A sucessão do líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), começou no segundo semestre do ano passado, desde que ele começou a ser cotado para o ministério. Não faltam candidatos para ocupar a sua cadeira – os deputados Gastão Vieira (PMDB-MA) e Paulo Lima (PMDB-SP) sonham com o cargo – mas Eunício já escolheu o deputado José Borba (PMDB-PR).


E o deputado cearense não quer ouvir falar em disputa que poderia trincar a unidade do partido obtida no ano passado. E espera que o seu cacife entre os colegas seja suficiente para que ele indique o seu sucessor de forma pacífica. Eunício tem 72 das 77 assinaturas dos deputados do partido para reconduzi-lo à liderança, uma ação puramente formal. Se eu tenho a sucessão, é natural que tenha um sucessor. Não dá para deixar a bancada em meio a uma disputa, justifica. O nome de Borba está na ponta da língua do líder para indicar à bancada. O nome de Borba também tem a simpatia do governo. Os petistas gostaram do trabalho de Borba na elaboração do Orçamento da União – foi subrelator de infraestrutura.


No PSB a situação é parecida. Falta apenas o convite formal de Lula a Eduardo Campos para que ele chame o vice-líder Eduardo Casagrande para sucedê-lo. Casagrande é o nome natural no partido. Secretário-geral da legenda, é o único nome cotado para subir de cargo. O outro nome forte do PSB na Câmara, o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), vice-líder do governo na Câmara, garante que não entrará na disputa. Estou satisfeito onde estou, diz.