Novos limites na campanha da Câmara

Sep 23 2005
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Diário de PernambucoDiário de Pernambuco, 23/09/2005
Novos limites na campanha da Câmara

Acordo dos líderes corta cartazes e showmícios e define debate na TV para escolha do sucessor de Severino

BRASÍLIA – Marcada para a próxima quarta-feira, a eleição para presidente da Câmara dos Deputados terá novas regras e um inédito debate televisionado entre os candidatos. Por consenso, os líderes partidários reunidos ontem pela manhã decidiram proibir a utilização de cartazes, faixas, banners, santinhos e showmícios na "campanha eleitoral" interna, o que, se for respeitado, fará dessa uma eleição bastante diferente das anteriores. Trata-se de um acordo informal, no entanto, sem previsão de sanções para quem descumpri-lo.

Na eleição que consagrou Severino Cavalcanti (PP-PE), em fevereiro, os corredores, gabinetes e salas da Câmara ganharam o apelido de "arraial de festa junina", tamanha era a quantidade de bandeirinhas e faixas afixadas.

O mesmo ocorreu em 2001, na disputa entre o então pefelista Inocêncio Oliveira (PE) e o tucano Aécio Neves (MG), vencida por este último.

"Não há tempo para grandes produções de campanha, mas, mais importante, não existe clima", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). No máximo, será autorizada a distribuição de "cartas-compromisso", como já fez ontem um dos candidatos, Beto Albuquerque (PSB-RS).

Há uma avaliação entre líderes partidários de que houve excesso nas campanhas anteriores. Para piorar, a agência SMPB, do publicitário Marcos Valério de Souza, esteve envolvida em algumas delas, produzindo material para João Paulo Cunha (PT-SP) em 2003 e para Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) em 2005.

A necessidade de manter uma campanha "sóbria", em respeito ao atual momento de crise, foi uma das razões apontadas pelos líderes na reunião, mas não a única. Prevaleceu também a idéia de a Câmara dar o exemplo no momento em que está em tramitação na Casa uma proposta que reduz em muito os custos de campanhas políticas nas eleições do ano que vem. Batizada de "minirreforma política", está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e tem de ser aprovada até o final da semana que vem para valer já em 2006.

Quanto ao debate, será transmitido ao vivo pela TV Câmara na terça-feira, às 18h. Todos os candidatos serão convidados. Às 10h de quarta-feira inicia-se o 1º turno da votação, que é secreta e manual (em cédulas). Caso nenhum dos candidatos reúna a maioria dos votos válidos (que se dá pela exclusão dos nulos), há o 2º turno, com início às 18h, entre os dois melhor colocados. São 513 votos possíveis.

Governistas irão apoiar Aldo Rebelo

Presidente Lula diz que "aprendeu a lição" e vai entrar na campanha para a presidência da Câmara dos Deputados

Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu entrar para valer na disputa pela sucessão de Severino Cavalcanti. Destacou para a difícil missão seu ex-ministro da Coordenação Política Aldo Rebelo (PCdoB-SP). O martelo foi batido ontem à noite, na liderança do Governo na Câmara dos Deputados. Arlindo Chinaglia (SP), candidato oficial do PT, retirou seu nome, que havia sido indicado pela bancada no dia anterior. Imediatamente, o líder do PT, Henrique Fontana (RS), sugeriu Aldo. O líder do PSB, Renato Casagrande (ES), disse que o candidato do partido, Beto Albuquerque (RS), também se retirava em favor de Aldo. O líder do PMDB, Wilson Santiago, pediu um prazo para discutir com seus liderados, já que o partido lançara um dia antes o seu presidente, Michel Temer. O mesmo fizeram os representantes do PL, do PP e do PTB.

A decisão foi o produto de um longo dia de negociações. Antes, na quarta-feira, Lula havia confirmado ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que iria participar do jogo. "Eu aprendia lição. Não vou ficar neutro como da outra vez", disse Lula a Renan, referindo-se à sucessão de João Paulo Cunha (PT-SP), quando a divisão do PT e da base governista levou à vitória de Severino. Agora, um quadro de dispersão, com vários candidatos, leva ao risco de uma outro resultado imprevisível.

O encarregado da operação que levou ao resultado da noite foi o ministro Jaques Wagner. Ontem, ele reuniu-se com o próprio Aldo, com o líder do PTB, José Múcio Monteiro (PE), com Henrique Fontana e com os deputados Eduardo Campos (PSB-PE) e Paulo Rocha (PT-PA).

Antes de Aldo, o Governo ensaiou convergir para o nome de Temer. O presidente do PMDB é do grupo que se opõe ao Planalto, mas conquistou o apoio do presidente do Senado pois o candidato da aliança PFL-PSDB, José Thomaz Nonô (PFL-AL), é o principal adversário político de Renan em Alagoas. As conversas em torno de Temer esfriaram depois que os ex-governadores Orestes Quércia (SP) e Anthony Garotinho (RJ) vetaram ontem qualquer entendimento com o Governo.

PMDB, PL, PTB e PP mantêm boas relações com Aldo. Durante um ano e meio como ministro, ele travou longa e sangrenta luta com o PT para ampliar o espaço político dos aliados no Governo. Renan é seu devedor desde que Aldo evitou que o Governo patrocinasse a emenda constitucional que permitiria a reeleição na Casa.

Limites na campanha

BRASÍLIA – Marcada para a próxima quarta-feira, a eleição para presidente da Câmara dos Deputados terá novas regras e um inédito debate televisionado entre os candidatos. Por consenso, os líderes partidários reunidos ontem pela manhã decidiram proibir a utilização de cartazes, faixas, banners, santinhos e showmícios na "campanha eleitoral" interna, o que, se for respeitado, fará dessa uma eleição bastante diferente das anteriores. Trata-se de um acordo informal, no entanto, sem previsão de sanções para quem descumpri-lo.

Na eleição que consagrou Severino Cavalcanti (PP-PE), em fevereiro, os corredores, gabinetes e salas da Câmara ganharam o apelido de "arraial de festa junina", tamanha era a quantidade de bandeirinhas e faixas afixadas.

O mesmo ocorreu em 2001, na disputa entre o então pefelista Inocêncio Oliveira (PE) e o tucano Aécio Neves (MG), vencida por este último.

"Não há tempo para grandes produções de campanha, mas, mais importante, não existe clima", disse o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). No máximo, será autorizada a distribuição de "cartas-compromisso", como já fez ontem um dos candidatos, Beto Albuquerque (PSB-RS).

Há uma avaliação entre líderes partidários de que houve excesso nas campanhas anteriores. Para piorar, a agência SMPB, do publicitário Marcos Valério de Souza, esteve envolvida em algumas delas, produzindo material para João Paulo Cunha (PT-SP) em 2003 e para Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) em 2005.

Custos – A necessidade de manter uma campanha "sóbria", em respeito ao atual momento de crise, foi uma das razões apontadas pelos líderes na reunião, mas não a única. Prevaleceu também a idéia de a Câmara dar o exemplo no momento em que está em tramitação na Casa uma proposta que reduz em muito os custos de campanhas políticas nas eleições do ano que vem. Batizada de "minirreforma política", está atualmente na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara e tem de ser aprovada até o final da semana que vem para valer já em 2006.

Quanto ao debate, será transmitido ao vivo pela TV Câmara na terça-feira, às 18h. Todos os candidatos serão convidados. Às 10h de quarta-feira inicia-se o 1º turno da votação, que é secreta e manual (em cédulas). Caso nenhum dos candidatos reúna a maioria dos votos válidos (que se dá pela exclusão dos nulos), há o 2º turno, com início às 18h, entre os dois melhor colocados. São 513 votos possíveis.