O chamamento da Igreja à participação dos fiéis

May 08 2007
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O Nacional – Passo Fundo, 8/5/2007
por Antonio Augusto Meirelles Duarte
Presidente da Academia Passo-Fundense de Letras
Recebi um folheto, que ainda está em grande número à disposição dos fiéis na catedral da cidade, no qual a Igreja conclama a todos afirmando que precisa da participação de cada um, mediante opiniões a começar pela primeira indagação: o que você pensa de Igreja Católica? Num segundo momento indaga: para ser fiel ao Evangelho de Cristo, que valores a Igreja precisa manter e em que deveria mudar?
 
Tomo a liberdade de fazê-lo publicamente, pois acredito que se trata de um movimento aberto, em que não haverá qualquer sigilo. Iniciaria lembrando em que igreja comecei minha militância e que me dá muitas saudades. Fui coroinha, em Getúlio Vargas, por oito anos, na década de 40. Os grandes momentos que testemunhei e mais me marcaram era viver as emoções das missões da Igreja, que vez por outra chegavam a Getúlio Vargas, pregadas pelos capuchinhos, grandes oradores sacros, que mexiam com toda a cidade. Seus hábitos marrons, barba longa, cabelo cortado ao estilo do de Santo Antônio, acredito que era para não provocar muita atração física ao sexo oposto e manter incólume o celibato. A Igreja conseguia manter congregada toda a coletividade católica que era a esmagadora maioria da cidade. Até o ensino religioso na escola que freqüentei, Cristo Rei, dos maristas, mantinha-se num nível que a todos contagiava. Uma dezena do terço, antes de cada período de aula, era rezada, obrigatoriedade à assistência da missa, quase sempre uniformizado e ocupando os primeiros bancos. Uma preparação ampla, profunda, de muito conteúdo para a primeira eucaristia, para o crisma.

Enfim, vivíamos de corpo inteiro a nossa religião. Diante da indagação feita no referido folheto que me chegou às mãos, sinto que há muito por se fazer para empolgar, tornar a prática da religião uma alegria íntima, um conforto espiritual numa vida mais digna de ser vivida. Pergunto aos clérigos: O que fizeram no 1º de maio, Dia Universal do Trabalho? Onde estavam os convites, as conclamações para reunir todos os sindicatos de classe, trabalhadores, empregados e empregadores, num estádio da cidade, Vermelhão ou qualquer outro, para uma grande missa campal, enaltecendo o valor do trabalhador e o quanto a Igreja os quer sempre mais junto de si. Nada foi feito a não ser, com muita justiça, enaltecer a figura de São José, o operário. Já temos nossa romaria que hoje representa 150 mil fiéis. Mas é pouco, precisamos muito mais. Porque não destinar a missa de cada dia da semana para uma entidade de classe, os aposentados, os militares, os estudantes secundários, uma missa para os universitários, para as donas-de-casa, para os jovens. Mediante ampla divulgação e convite, a Igreja viverá novos e promissores momentos.

 
E os coroinhas, por onde andam? Os jovens adolescentes, com suas vestes vermelhas e brancas, presentes em todos os atos da Igreja. O primeiro passo para as tão reclamadas vocações sacerdotais que a Igreja está tão carente. Perguntem aos padres de hoje e todos dirão que, quando jovens, foram coroinhas, em suas paróquias de origem.
 
Finalmente, quanto aos valores que a Igreja precisa manter, diria que dar sempre mais força, prestígio e valor à presença do leigo, que tem se constituído num valor indispensável para manter ativa e bem viva a Igreja em nossos dias.
 
*** O médico Rudah Jorge, na sexta-feira mostrava ao deputado Beto Albuquerque uma foto antiga da primeira reunião dos socialistas, reunião presidida pelo próprio Rudah. Beto aparece na foto como um garoto de uns 14 ou 15 anos. Agora ficou a dúvida, pois Rudah, pelo que se sabe, disputou a prefeitura pelo PDT, só não sendo eleito pelas malfadas sublegendas. Afinal, Rudah é trabalhista ou socialista. Só Deus sabe…