Ói Nóis em turnê
- Posted by: Ass. imprensa
- Posted in Beto na Mídia
- Tags:
JORNAL DO COMÉRCIO – PORTO ALEGRE
“O amargo santo da purificação é um marco. O espetáculo rompeu barreiras”, destaca o diretor e ator da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, Paulo Flores. Pela primeira vez, o teatro de rua é indicado ao Prêmio Açorianos de Teatro e Dança de melhor espetáculo. A montagem também é responsável pela segunda maior turnê até hoje realizada pelo Ói Nóis Aqui Traveiz, que tem 31 anos de existência. O grupo já embarcou e permanece nos meses de março e abril apresentando o espetáculo em doze cidades brasileiras. O projeto, selecionado pelo Programa BR de Cultura 2009/2010 através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, abrangerá os estados das regiões Sul e Sudeste.
Em cada localidade, além da apresentação do espetáculo do grupo, será realizada a palestra Ói Nóis Aqui Traveiz – 30 anos: o teatro de rua no Brasil e o workshop Teatro de rua – uma vivência com a Tribo. Todas as atividades são gratuitas e abertas ao público. “Esse projeto é muito importante porque há uma dificuldade dos grupos de teatro de mostrarem seus trabalhos em outros estados. E, se tratando de teatro de rua, atingimos uma grande parcela da população que, muitas vezes, está excluída do circuito comercial das salas de teatro”, defende Flores.
O musical parte dos poemas e escritos do líder revolucionário Carlos Marighella, para contar sua biografia e realizar um resgate histórico do Brasil do século XX, incluindo as ditaduras de Getúlio Vargas e, após-1964, as diretrizes do AI-5 (Ato Institucional nº 5) e as torturas sofridas por milhares de brasileiros. “Dois aspectos importantes se encontram. Ele é ousado esteticamente e forte no significado”, revela Flores. Além da indicação de melhor espetáculo, a peça também recebeu oito indicações para o Prêmio Açorianos de Teatro e Dança. As demais categorias são: melhor direção, atriz (Tânia Farias), figurino, cenografia, trilha sonora, dramaturgia e produção. A cerimônia de entrega acontece no dia 30 de março, no Teatro Renascença.
O grupo Ói Nóis Aqui Traveiz já iniciou um trabalho de pesquisa e encenação para a próxima montagem chamada Viúvas. A partir do texto de Ariel Dorfan, será mostrada a história de mulheres que lutam pelo direito de saber onde estão os homens que desapareceram ou foram mortos pela ditadura civil militar. É uma alegoria sobre o que aconteceu nas últimas décadas na América Latina e a necessidade de manter viva a memória. Após a turnê, o grupo participa em abril do Sesc Palco Giratório, retornando de fato para Porto Alegre somente em novembro.
Construindo a Terreira da Tribo
A Terreira da Tribo tem outra jornada a percorrer, mas em Porto Alegre: trata-se da construção da sede do grupo. Em março de 2008, a Tribo conquistou junto ao poder público municipal o terreno na rua João Alfredo, 709, cedido por comodato. Agora a luta segue para a construção do local. O projeto prevê, além do espaço para pesquisa teatral, salas de aula, biblioteca, centro de referência do teatro popular, sala de exposição e projeção e um local para o acervo da Terreira da Tribo.
Atualmente a campanha para a consolidação deste projeto, orçado em R$1,5 milhão, conta com a parceria da Imobi e da Box Multiresultados com a colocação de outdoor na cidade. “Precisamos do apoio da sociedade e dos políticos. É papel do poder público construir esse espaço que vai possibilitar a continuação do nosso trabalho, afinal todo o nosso trabalho é público. Hoje pagamos de aluguel R$ 10 mil por mês, valor muito elevado para um grupo de teatro”, enfatiza o diretor e ator da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, Paulo Flores.
Foram aprovados até agora, segundo Caco Coelho, diretor da Usina do Gasômetro e apontado por Flores como um dos maiores articuladores desta luta, emendas de sete deputados federais e um senador de Porto Alegre. São eles: Sérgio Zambiasi (PTB), Vieira da Cunha (PDT), Luciana Genro (P-Sol), Germano Bonow (DEM), Mendes Ribeiro Filho (PMDB), Maria do Rosário (PT), Nelson Proença (PPS) e Beto Albuquerque (PSB). No total, os projetos somam R$ 1,3 milhão. Em relação ao restante do valor haverá uma contrapartida financeira da prefeitura municipal de Porto Alegre. “É um fato público nacional. Todos os partidos entenderam que a construção desta sede é um dever para a cidade de Porto Alegre. Jamais um valor como este foi colocado a serviço da arte”, defende Coelho.
} else {