Opinião

Sep 11 2009
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Diário Popular – Pelotas, 11/9/2009

O produto não tem prazo para começar a jorrar, mas, além dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, mais próximos da área a ser explorada, todos os demais estão atentos à discussão da matéria, pretendendo participar dos frutos dessa imensa riqueza que, segundo as previsões, se abriga na camada pré-sal.

Essa camada de sal – eis o assunto em pauta nos últimos dias – é uma faixa que se estende ao longo de 800 quilômetros entre os estados do Espírito Santo e Santa Catarina, abaixo do leito do mar, a profundidades de sete mil metros ou mais e abrange três bacias sedimentares, do Espírito Santo, Campos e Santos. Ao todo, as reservas estimadas para a área podem chegar a qualquer coisa como 100 bilhões de barris de óleo equivalente (BOE), caso em que o Brasil estaria situado entre os dez maiores produtores do mundo.

Entre os vários campos e poços de petróleo já descobertos no pré-sal, destaca-se o Tupi, com uma reserva estimada pela Petrobras entre 15 bilhões e oit bilhões de barris de petróleo. Já a empresa britânica BG Group, parceira do Brasil nesse campo, com a participação acionária de 25%, extrapolou essa previsão, situando-a entre 12 bilhões e 30 bilhões de barris de petróleo equivalente. Uma vez que, segundo a Agência Nacional do Petróleo, as reservas provadas de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil totalizaram 13,920 bilhões de BOE, em 2007, o potencial de Tupi por si só seria suficiente para dobrar o volume de óleo e gás possível de ser extraído do subsolo nacional.

Não é por outra razão, obviamente, que o Rio Grande do Sul começa a se articular para entrar no páreo em que já se alinham outros estados. Neste momento em que se encaminham à tramitação no Congresso quatro projetos enviados pelo Executivo regulamentando a produção e a exploração do petróleo da camada pré-sal, o deputado federal Beto Albuquerque, na qualidade de coordenador da bancada gaúcha no Congresso, reuniu senadores e deputados gaúchos em Brasília, nessa quarta, 9, e logo a seguir acertou um encontro para hoje, no Palácio Piratini, com a governadora Yeda Crusius a fim de tratar do assunto. “Tenho esperança de ver todos os gaúchos unidos em torno deste tema. Temos condições de fazer do pré-sal o caminho para a convergência absoluta de nosso Estado, política, econômica e social”, afirmou o parlamentar.

Beto entende que a questão situa-se acima dos partidos políticos e defende um novo modelo, diferente do proposto pelo governo, capaz de assegurar ao Rio Grande do Sul efetiva participação na divisão dos royalties e não apenas a três estados e 200 municípios brasileiros. “Não podemos deixar nosso Estado como boi lerdo, que só bebe água suja.” É este o grande pleito que se nos oferece agora, para tentarmos preservar desde logo legítimos interesses do Rio Grande. Afinal, não se diz que “o petróleo é nosso”?

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