Oposição começa a se articular
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O Pioneiro – Caxias do Sul 20/8/2007
Primeiras movimentações na região já incluem conversas entre partidos e campanhas por filiados
GRAZIELA ANDREATTA
Em Farroupilha, posse da diretoria do PSB virou um ato político visando à disputa pela prefeitura.
Farroupilha – A oposição farroupilhense já deu largada para as próximas eleições. No sábado – cerca de um ano e dois meses antes do processo eleitoral – , realizou o primeiro ato político oficial visando à disputa pela prefeitura da cidade. A atividade era para ser a posse do diretório municipal do Partido Socialista Brasileiro (PSB), fundado em fevereiro, mas reuniu mais de mil pessoas e representantes dos partidos PDT, PT, PPS e PSB, com integrantes dispostos a fazer frente ao candidato que será apoiado pelo prefeito Bolivar Pasqual (PMDB). O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), que estava na região, também compareceu.
O jantar foi marcado por discursos e pela busca de novos filiados. Com as fichas preenchidas no sábado, o novo partido já conta com cerca de 200 assinaturas. O número é considerado bom, levando em conta que a sigla tem apenas seis meses na cidade, e que até as proximidades do pleito as adesões devem aumentar.
Além disso, para ganhar força no processo eleitoral, os socialistas contam com apoio de outros partidos da oposição. O presidente da sigla na cidade, Vandré Fardin, diz que, por enquanto, conversou só com o PT, mas pretende se reunir também com as demais siglas.
– Vamos ver se conseguimos formar um grande bloco de oposição ou se vamos concorrer separados. O processo está começando – explica.
Apesar das discussões externas estarem apenas iniciando, internamente o partido está articulado. A partir desta semana, começa a ser elaborado o plano de governo a ser apresentado na campanha e dois dos seus integrantes já apresentaram os nomes para a eleição municipal.
Um dos possíveis candidatos é o próprio Fardin, um político jovem, que está na sua primeira legislatura na Câmara farroupilhense. O outro é o também vereador Pedro Pedrozo, considerado um candidato forte para a oposição por causa da trajetória como político. Ele era do PMDB, o mesmo partido de Pasqual, antes de ir para o PSB e foi o segundo candidato mais votado na última disputa pelo Legislativo.
– Tudo precisa ser discutido internamente e com outros partidos. Mas o importante é as pessoas perceberem que o PSB é uma opção sadia, com líderes atuantes e dispostos a mudar – discursa Pedrozo.
( graziela.andreatta@jornalpioneiro.com.br )
Quem coordena o partido
Nominata da Executiva municipal do PSB de Farroupilha:
– Presidente: Vandré Fardin
– Vice-presidente: Luiz Carlos Fontanella
– Secretária-geral: Maria Elaine Tarelli
– 1ª secretária: Vera Lucia Negri
– 2ª secretária: Simone Gasperin
– 1º secretário de Finanças: Gilmar Paulus
– 2º secretário de Finanças: Silvio Roberto de Souza
– Secretário de Comunicação Social: Aldérico Bonez de Matos
– Secretário de Organização e Formação Política: Roque Servegnini
– Líder de Bancada: Pedro Pedrozo
Eleições
Essa Anac é um antro de promiscuidade com os interesses empresariais
Entrevista: Deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) fala sobre o governo Lula, crise aérea e as eleições presidenciais
Caxias do Sul – Sob 7º de temperatura, o deputado federal do Ceará e um dos principais líderes do PSB no país Ciro Gomes chegou à região no sábado à tarde. Em Caxias, foi recebido por cerca de 50 pessoas que o aguardavam na sede do partido, onde concedeu entrevista coletiva.
Em meia hora, falou sobre a prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras (CPMF), criticou a administração da crise aérea e comentou o cenário político brasileiro. Em quase todos os assuntos, defendeu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com elogios e números. Confira os principais trechos da entrevista concedida em Caxias, algumas horas antes de sua ida para Farroupilha.
Pergunta: Como o senhor avalia o governo Lula?
Ciro Gomes: Todo o governo acerta e erra, e o governo Lula muito mais acerta do que erra. O país está dobrando a taxa média de crescimento econômico dos últimos 25 anos. O salário mínimo, quando Lula tomou posse, era equivalente a algo em torno de US$ 80 e hoje está em US$ 140, US$ 150. Pela primeira vez começou a desconcentrar renda. Com os críticos do presidente Lula, o país quebrou três vezes e fez os três maiores acordos com o FMI. Com o presidente Lula, o Brasil pagou, antecipadamente, todos os seus compromissos de dívida externa. Isso não quer dizer que não percebemos problemas. A corrupção sempre existiu e achamos condenável. O que podemos dar em troca é afirmar que a impunidade não é mais o prêmio.
Pioneiro: O que o senhor acha de o governo vincular a arrecadação da CPMF com o PAC?
Ciro Gomes: A questão é que o governo tem uma estrutura de gastos que tem como principal peso a dívida pública. O país tem uma dívida interna superior a R$ 1 trilhão. E o custo dos juros dessa dívida, este ano, vai levar do governo R$ 162 bilhões. Então, se você não renovar a CPMF e tirar, do dia para a noite, R$ 38 bilhões de receita, quebra o país.
Pioneiro: Qual a avaliação que o senhor faz da maneira como está sendo administrada a crise aérea. O presidente Lula tem culpa…
Ciro Gomes: (interrompendo) Culpa do presidente, evidentemente, é um exagero, mais uma vez, de uma certa vocação golpista de uma fração da elite da política que não aceita e não vai aceitar jamais que o povo coloque um trabalhador na Presidência da República. Mas o governo, como instituição, não tem se dado bem na gestão da questão aérea brasileira. Não aquele acidente. Há um problema institucional. Essa Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) é um desastre. É um antro de promiscuidade com os interesses empresariais. Há um comportamento absolutamente leviano das empresas. O jeito com que a Gol e a TAM tratam seus usuários é um absurdo, é uma falta de respeito. E quem deveria fiscalizar e punir não faz.
Pioneiro: O nome do senhor já começa a surgir numa coalizão para as eleições presidenciais de 2010?
Ciro Gomes: Pois é, o povo fala (risos). Mas eu quero ser sério. Quem já foi candidato, como eu, duas vezes à Presidência da República, não pode chegar, sendo decente como eu pretendo ser, e dizer “não, não sou, o futuro a Deus pertence”. Claro que o futuro a Deus pertence, mas eu não quero usar essa frase para escapulir de uma pergunta. Entretanto, é muito recente a última eleição. É imprudente pôr o carro na frente dos bois.
Pioneiro: O senhor não acha que deveria haver uma posição mais firme sobre as denúncias contra o senador Renan Calheiros?
Ciro Gomes: Todos são inocentes até que se lhes prove a culpa, mesmo o pior bandido, e não é o caso necessariamente do Renan, ou pode ser, não sei. Os senadores estão com o pepino, o presidente deles foi acusado e se afirma inocente. É claro que a imprensa pode fazer uma reportagem, mas não é a imprensa quem julga. Não pode ser o ritual sumário da imprensa que destrua a reputação de uma pessoa inocente. Então, paciência. Vamos ter já, já, o resultado da novela.