Pacote do governo divide políticos
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Correio do Povo – Porto Alegre, 4/01/2008
Algumas lideranças acham que ação evitará maiores problemas, outras dizem que cidadão pagará conta
O pacote de medidas, que inclui o aumento de tributos, anunciado na quarta-feira pelo governo federal para compensar o fim da CPMF, dividiu a opinião de políticos gaúchos. Alguns acreditam que a saída evitará prejuízos maiores para os investimentos neste ano, pois a previsão era arrecadar R$ 40 bilhões com a CPMF. Porém, na avaliação de outras lideranças, haverá reflexos para o cidadão. A proposta eleva o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) do setor financeiro, que atinge bancos e corretoras.
Para o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Beto Albuquerque, do PSB, o pacote é resultado de solicitações da própria população. 'Sempre pediram que os bancos e as instituições com maiores lucros fossem mais tributadas. Está na hora de os bancos darem a sua parte também. Eles têm lucros fabulosos', avaliou. Para Beto, porém, que o pacote dificilmente irá compensar o fim da CPMF. 'A perda é grande. São R$ 40 bilhões a menos. Haverá prejuízos, principalmente com a redução de investimentos', destacou.
Segundo o deputado Vieira da Cunha, do PDT, as medidas eram esperadas. Ele afirmou que o governo acertou com a proposta de aumentar a CSLL, por representar maior participação tributária por parte daqueles que integram o sistema financeiro do país. 'O lucro dos bancos é exorbitante. É adequado que esse setor também acabe incluído nas formas de arrecadação propostas pelo Estado', avaliou. Lamentou, porém, o aumento da IOF, que irá onerar ainda mais a classe média.
Deputada federal do PSol, Luciana Genro avaliou que o reajuste do IOF vai atingir diretamente o trabalhador, uma vez que aumenta a carga tributária cobrada sobre os créditos e os financiamentos mais utilizados pela população de baixa renda. Afirmou, porém, que a elevação da CSLL representa ponto positivo, porque cobrará das empresas. Mesmo assim, disse, provavelmente ocorrerá o efeito cascata, pois os produtos terão os preços elevados e o consumidor pagará a diferença. Luciana defendeu ainda a discussão de reforma tributária que proponha a inversão da medida apresentada pelo governo. 'É preciso cobrar mais das empresas e dos bancos para aliviar o bolso das classes média e trabalhadora', disse.
Defensor da reforma tributária, o ex-governador Germano Rigotto destacou que o pacote representa a superação de grande problema da União: compensar o fim da CPMF sem cortar projetos. Com isso, acredita que o debate sobre a reforma no Congresso poderá ser facilitado.