Papéis trocados de novo: PSDB diz que é pouco, Força critica e CUT elogia

Dec 16 2004
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O Globo

O Globo, 16/12/2004
Papéis trocados de novo: PSDB diz que é pouco, Força critica e CUT elogia
 
Isabel Braga
 
SACO DE BONDADES: ’Está nos limites do que é possível’, afirma vice-líder

Sindicalistas ameaçam recorrer ao Congresso para conseguir reajuste maior

BRASÍLIA. Os sindicalistas deixaram a reunião de ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciando que ainda vão tentar, no Congresso, garantir um aumento maior para o salário-mínimo. Querem elevar o valor para R$ 320 ou, pelo menos, garantir a antecipação do reajuste para abril. Devem contar com o apoio apenas da oposição. Os líderes governistas e da base reconhecem que o salário de R$ 300 está aquém do desejado, mas afirmam que obedece aos limites orçamentários.

— É um reajuste com ganho real. Obviamente não está no nível que o presidente Lula desejaria, mas está nos limites do que é possível fazer — disse o vice-líder do governo Beto Albuquerque (PSB-RS).

CUT continuará tentando conseguir R$ 320

O presidente da CUT, Luiz Marinho, disse que continuará tentando garantir os R$ 320:

— Evidente que R$ 300 é avanço, é uma conquista da marcha (dos sindicalistas). Mas vamos tentar, quem sabe, um pouco mais, ou antecipar os R$ 300 em alguns meses.

Menos diplomático, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, criticou a decisão de Lula:

— Não aceitamos de maneira alguma os R$ 300. Pretendemos melhorar isso no Congresso. Os deputados têm de levar em conta que a eleição deles é daqui a dois anos.

Segundo Marinho, Lula disse que poderia antecipar o reajuste para janeiro se os sindicalistas concordassem com R$ 290 ou abrissem mão da correção dos 10% da tabela do Imposto de Renda. Marinho elogiou a decisão do governo de criar uma comissão para discutir uma política de recuperação do mínimo.

Já o líder do PFL na Câmara, José Carlos Aleluia (BA), criticou o mínimo de R$ 300 e a correção de 10% da tabela do IR:

— Os 10% não repõem nem a defasagem no período Lula, que é de 17%. E o anúncio do mínimo foi uma tentativa de antecipar o debate. O valor é medíocre, é o que queríamos em 2003. Vamos tentar aumentar.

Ontem, os líderes do PFL lembraram os dois anos do governo Lula com um bolo, enfeitado com um avião. Segundo eles, era uma referência ao que consideram a marca da atual gestão: o avião presidencial comprado pelo governo.

O líder do PSDB, Custódio Mattos (MG), também disse que os dois reajustes ficaram aquém das promessas feitas por Lula antes de ser eleito.