Partidos da base divergem do PT sobre futuro líder do governo na Câmara
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Folha Online, 30/03/2004
Partidos da base divergem do PT sobre futuro líder do governo na Câmara
A escolha do novo líder do governo na Câmara colocou em campos opostos o PT
e os demais partidos da base aliada. A definição do novo líder –que deve
ser feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva amanhã– está entre os
vice-líderes do governo Prof. Luizinho (PT-SP) e Beto Albuquerque (PSB-RS).
A Folha Online apurou que o PT tem pressionado o Planalto a escolher o
deputado Prof. Luizinho, mas a idéia encontra resistência nos demais
partidos da base –leia-se PMDB, PL, PTB, PC do B e PSB. Lula irá escolher
entre um soldado petista, como Prof. Luizinho, e um nome mais agregador
como Albuquerque.
Por sua atuação de defesa do governo no ano passado, o PT quer que Luizinho
seja premiado com a liderança. Os demais partidos, no entanto, querem um
nome de outra legenda para dar maior unidade à base –nesse cenário,
Albuquerque ganha força.
O principal argumento de petistas contra a indicação do deputado do PSB é
que ele já se lançou à Prefeitura de Porto Alegre, nas eleições de outubro
deste ano, e que, por isso, deveria escolher entre a liderança ou a disputa
eleitoral. Segundo interlocutores, Albuquerque descarta trocar sua
candidatura pela liderança.
Estilo antigo
Em reunião realizada hoje com o ministro da Coordenação Política, Aldo
Rebelo, os líderes e vice-líderes do governo na Casa afinaram a estratégia
de ação e chegaram a um consenso sobre o futuro líder: deve ser escolhido no
máximo até o final da semana e deve retomar a forma de atuação do ano
passado –quando Rebelo era o líder do governo–, abandonando o estilo Miro
Teixeira (PPS-RJ).
Miro deixou a liderança na semana passada criticado por realizar poucas
reuniões com as lideranças dos partidos e por adotar uma posição de
distanciamento das votações.
A escolha tem que ser feita logo. Quem tem qualidade de ser líder, tem
essas qualidades agora ou daqui a três dias, afirmou Vicente Cascione
(PTB-SP), que chegou a ser cotado para a liderança, mas descartou a
possibilidade.
Para o líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), a posição
dos demais partidos não é um veto ao nome de Luizinho, mas a melhor opção
para o governo em um momento em que sua base começa a se rearticular.
O partido que mais resiste à uma indicação de Beto Albuquerque para líder do
governo é o PMDB, que chegou a se colocar como caminho natural para ocupar
o posto. Falta, no entanto, nomes de peso para o partido. Se no PMDB algum
nome tivesse despontado, certamente seria o líder, afirmou Prof. Luizinho.
CAMILO TOSCANO
da Folha Online, em Brasília