Partidos – Suspensão da reforma isola Severino no PP
- Posted by: Ass. Imprensa
- Posted in Beto na Mídia
- Tags:
Zero Hora
Os líderes agora brigam para se tornar interlocutores junto ao Planalto, barganhando apoio em troca de voto no Congresso. Apesar de estar na base do governo, o PP não garante fidelidade. A legenda, porém, tem peso nas votações: são 54 parlamentares, a quarta maior bancada na Câmara.
– O PP precisa do governo, e o governo precisa do PP. Todos sabem disso. Voltaremos a negociar – diz o deputado Pedro Henry (MT), cotado para ministro até a eleição de Severino.
Henry era quem tratava diretamente com a cúpula do governo. Havia sido escolhido por Lula para ser o nome do PP no ministério. No começo de 2004, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, chamou o deputado para uma longa conversa. Ficou acertado que, sem pressa, o PP ampliaria sua presença na Esplanada dos Ministérios.
– A bobeada do governo foi demorar tanto para definir a reforma ministerial. Depois da eleição de Severino, complicou – reclama Henry.
Severino impôs o nome do afilhado político Ciro Nogueira (PI) à bancada, mas desgastou o acerto quando declarou que o PP iria para a oposição se seu protegido não assumisse as Comunicações. Foi o estopim para a suspensão da reforma. Até colegas reconhecem o erro do político experiente e presidente novato.
– Severino pisou na bola. Não tem preparo – admite um deputado.
O pernambucano abriu espaço para figuras como o presidente do PP, Pedro Corrêa (PE), e o líder na Câmara, José Janene (PR). Na quarta-feira, os três decidiram:
– Quem fala em nome do partido daqui para frente sou eu. Teremos uma posição de independência – assumiu Janene.
Parlamentares do PP contrários à negociação
O problema é que o paranaense não tem bom trânsito no Planalto. João Pizzolatti (SC), indicado pela bancada para candidato a ministro, é apontado como alternativa.
– Severino toca o trabalho na Câmara e deixa a negociação para o líder. Nenhum governo gostaria de nos ter como oposição – provoca.
No próprio PP, parlamentares torciam para a articulação de Severino fracassar porque a dobradinha em Brasília complicaria composições nas eleições de 2006. No Rio Grande do Sul, o PP não pensa em apoiar o PT no pleito.
– Ao falar demais, Severino achou um remédio para o PP e para o PT. Para o nosso grupo, a situação ficou confortável – diz o deputado Francisco Turra.
O presidente da Câmara, porém, não aceita ficar na geladeira. Ameaça dar o troco ao governo colocando em votação a Medida Provisória 232, que eleva o Imposto de Renda para prestadores de serviço. O Planalto irá isolar Severino e fortalecer as ações do colégio de líderes. A idéia é eleger um grupo do PP, como o ligado a Henry, para negociar, como ocorreu com o PMDB.
– Não podemos ficar reféns do PP – diz o vice-líder do governo, deputado Beto Albuquerque (PSB).
(
carolina.bahia@zerohora.com.br )
Severino Cavalcanti (PP-PE)
|
Ao forçar a indicação de Ciro Nogueira (PI), irritou Lula, que desistiu de entregar um ministério para o PP. Desgastado, sai das negociações para abrir caminho ao líder do partido, José Janene (PR).
|
José Janene (PP-PR)
|
Defensor da independência do partido em relação ao governo, ficou de fora das negociações às vésperas da reforma ministerial, deixando as conversas a cargo de Severino. Assume a posição oficial de único interlocutor do PP junto ao governo.
|
Pedro Henry (PP-MT)
|
Votou com o governo na eleição do presidente da Câmara, apoiando Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP). Era o nome do PP para assumir um ministério, mas foi rifado com a eleição de Severino. Ainda acredita em negociação com o governo.
|