“ Passo Fundo tem que honrar esse título nacional”
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O Nacional – Passo Fundo, 16/03/2009
por Ana Luisa do Nascimento/ON
Em roteiro de visitas pela região Norte do estado, o vice-líder do governo Lula, deputado federal Beto Albuquerque (PSB) esteve no sábado pela manhã, em O Nacional, quando concedeu entrevista à Redação de ON.
Ele vestia uma camiseta preta com a frase Passo Fundo Capital Nacional da Literatura, como quem enfatiza "não esqueçam disso". Mas durante a entrevista, quando o assunto eram as Jornadas Literárias, o discurso era também de cobrança. "Essa é uma marca que projetou o município no Brasil e no exterior e que também projetou a Universidade de Passo Fundo, então precisa ser mantida. Assim eu uso a camiseta para lembrar que a cidade que recebeu o título de Capital Nacional da Literatura tem que fazer por merecer", afirmou. Declarou ainda que seria bom que as duas outras praças da literatura, para as quais já foram liberados recursos, estivessem prontas para 13ª edição da Jornada Nacional de Literatura, que será realizada de 24 a 28 de agosto.
Na primeira parte da entrevista com o deputado, ele destaca as duas emendas parlamentares, que somam R$ 700 mil, que beneficiam oito comunidades das proximidades da vila Fátima e também um projeto para o Parque da Gare. Na segunda parte da entrevista com o vice-líder do governo, que será publicada na edição de amanhã, Beto fala sobre reforma política, crise e eleições 2010. "Sou candidato à reeleição", conta.
O Nacional – O senhor anunciou no dia 4 a liberação de R$ 300 mil para a 13ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. Na oportunidade pediu união do poder público de Passo Fundo, dos empresários e das instituições de ensino superior para viabilizar a realização do evento. Por que essa cobrança?
Beto Albuquerque– A cidade de Passo Fundo tem que honrar esse título nacional. Este é um ano difícil. Não será um ano em que teremos abundância de apoiadores, como já tivemos no passado, em razão da redução de desempenho e de lucro de muitas empresas, inclusive de grandes empreendimentos. Eu já estive fazendo uma agenda com a Tania [Tania Rösing, coordenadora das Jornadas], direcionada a vários setores público e privados. Esta é uma marca que projetou o município no Brasil e no exterior e também projetou a Universidade de Passo Fundo. Então, temos que trabalhar para manter este título. Assim, eu uso a camiseta para lembrar que a cidade que recebeu o título de Capital Nacional da Literatura tem que fazer por merecer. Além, disso a prefeitura já tem, há um ano e meio, recursos que eu mandei para cá para consolidar as três praças da literatura. Uma está pronta, mas faltam as praças Antonino Xavier e a Capitão Jovino. Os projetos estão prontos e os recursos disponíveis. Seria bom chegarmos em agosto, para a Jornada deste ano, com a possibilidade de inaugurar essas duas praças e fazer jus ao título. E também para este ano há mais R$ 300 mil que coloquei no Orçamento para beneficiar a Jornada de Literatura, mostrando que é possível, se todos tiverem a iniciativa. Aliás, o empresariado da cidade tem que se dar conta, ele não pode ficar ausente, achando que a Jornada é problema da UPF ou da prefeitura. O empresariado e a rede hoteleira têm que compreender que a marca é que ativa a cultura e o desejo de vir e olhar a cidade.
ON – Na semana passada o senhor empenhou duas emendas em benefício de Passo Fundo. Qual é o destino dos recursos que o senhor destinou para a cidade?
BA – Sim. Empenhei duas emendas para o município. Destinei R$ 500 mil para construir um centro de atendimento à saúde na Grande Vila Fátima, dentro da Victor Issler. É uma região ampla que abrange oito comunidades. Esse recurso, somado aos R$ 100 mil que a prefeitura precisa colocar de contrapartida, será suficiente para se construir um grande de centro de atendimento. E para a Gare, já iniciando uma política de revitalização, estou repassando R$ 200 mil destinados à construção da primeira pista oficial completa de skate aqui do Norte do estado. Com isso poderemos, logo ali na frente, atrair, inclusive, eventos. Muito brevemente vou trazer para cá a Federação Gaúcha dos Skatistas, que tem trabalhado comigo na disseminação dessas pistas, para uma conversa com a rapaziada envolvida nesse esporte. E a pista de skate é o primeiro passo, porque quero ajudar o Dipp a dar segurança para a Gare. Temos que cercar aquele parque, iluminá-lo, dotá-lo de mais espaços públicos para que seja um local de visitação, lazer e saúde. Hoje, em determinadas horas do dia, o local transforma-se em um antro de drogadição e prostituição.
ON – Deputado, e para este ano, quais são os planos para o seu mandato?
BA – A causa número um que estou trabalhando, é a que me fez passar por uma dificuldade muito grande na vida. Estou buscando atingir a meta de cadastrar 300 mil gaúchos no cadastro nacional de doadores de medula. Quando atingirmos essa meta, muito provavelmente, vamos alcançar quase 100% de possibilidade de que os mil casos novos de leucemia que surgem no Rio Grande do Sul possam encontrar um doador compatível. E a segunda questão é necessidade que a população do Brasil da crise e das dificuldades tem para renegociar os contratos do Fies. Há contratos que já estão em cobrança, acadêmicos que já se formaram nas universidades e que não têm como pagá-los. A inadimplência do Fies está crescendo muito. Os contratos do Fies são quase leoninos, os juros que um país como o nosso cobra para um estudante fazer um curso superior são absurdos. E essa é a luta, temos que ter um programa de financiamento de um país que quer incentivar o cidadão a ter conhecimento. Não precisa ser um dinheiro de graça, mas também não precisa ser dinheiro caro, impagável. E vejo que é necessário repensar os contratos futuros. O que não pode é continuar essa situação, o aluno do Fies hoje, quando se forma, recebe na mão direita o diploma e na mão esquerda uma certidão do Serasa. Isso tem que acabar. Estou aguardando uma reunião nesta semana com a ministra Dilma para abrir essa discussão. Também estou em vias de aprovar no Senado a criação do Fundo de Proteção ao Idoso. O Estatuto do Idoso foi criado com uma série de direitos, mas sem um fundo de financiamento para os chamados abrigos de idosos carentes.
"Eu sou candidato à reeleição"
Nesta segunda parte da entrevista com o vice-líder do governo Lula, deputado federal Beto Albuquerque (PSB), quando de sua visita a O Nacional neste final de semana, ele coloca as cartas na mesa sobre as eleições para 2010, suas pretensões e expectativas e sobre a existência de um candidato de Passo Fundo para concorrer à Câmara dos Deputados pelo partido.
Beto salienta que "há muitos nomes que se apresentam, mas é aquilo que eu digo, os nomes têm que se colocar para valer, e o nome que se coloca para valer é aquele que trabalha para ser e não aquele que espera uma indicação para virar candidato de cima para baixo e depois achar que o voto cai de paraquedas, o voto é construído no dia-a-dia".
O Nacional – Como o PSB está se articulando para as próximas eleições?
Beto Albuquerque – Nós estamos trabalhando o PSB no estado. Tivemos vários encontros regionais nesse final de semana que eu não pude acompanhar, havia reuniões nas regiões de Santa Rosa e de Santo Ângelo para discutir 2010. Eu sou candidato à reeleição, como deputado federal, e evidentemente que, se a política for dinâmica e determinar outra discussão em um caminho viável, que leve a uma disputa majoritária, então é uma outra discussão. Por enquanto, minha candidatura natural é a reeleição para a Câmara dos Deputados.
ON – E para majoritária, o que está sendo discutido no partido? E qual a sua percepção para o cenário que está sendo apresentado agora para próximo pleito?
BA – O PSB naturalmente discute ter um candidato à Presidência da República, o Ciro Gomes ou não, ou a composição com a Dilma no primeiro turno. Eu, particularmente, tenho muita preocupação sobre o governo ter uma candidatura só, conversei inclusive na última semana longamente com o Lula e há a convicção do presidente de que uma chapa com Dilma e o PMDB possa dar em uma sólida relação, mas o apoio do PSB, do PCdoB, PDT, partidos mais vinculados ideologicamente ao PT, poderiam dar essa tranquilidade. Eu ainda não tenho essa certeza, pelo perfil da candidata. Acredito que ela ainda que não conseguiu, eu diria, além de ser a candidata do Lula, também ser candidata própria, com alguma manifestação mais empática. Assim estamos discutindo e isso vai interferir na nossa decisão estadual. Mas até aqui no RS o PSB não tem que ter reservas de conversar com PT, PMDB, afinal de contas se os dois estarão juntos em nível nacional, qual é o senão de conversar com ambos aqui no Rio Grande do Sul? Essa é a dicotomia dos partidos que há pouco eu falei. O cara abraça o PMDB em nível nacional, mas aqui acha que o PMDB não é coisa boa e vice-versa, está agarrado ao governo do PT lá e aqui acha que o PT não como serve parceiro. Então nós não temos que ter reservas e penso que 2010 não deverá ser o ano em que o Rio Grande do Sul vai escolher os que são contra o PT e os que são a favor do PT. Acho que o ano que vem não é uma eleição para dizer quem é de esquerda e de direita no estado. O ano que vem é o ano da competência, o que tem que estar em disputa é o projeto de emancipação do Rio Grande do Sul, cujo déficit pior é o de oportunidades para as pessoas, o Estado deve muito às pessoas, sejam elas servidores públicos, jovens, trabalhadores rurais ou urbanos, quer dizer, o Rio Grande do Sul tem que discernir em 2010 qual será a melhor proposta, quem será o melhor candidato para zerar o déficit social e de investimento, essa é a discussão de 2010 e nós vamos estar enfronhados nisso.
ON – Passo Fundo deve ter candidato a deputado estadual pelo PSB?
BA – Eu não sei, essa é uma discussão que não se pode resumir a Passo Fundo. Nós temos que pensar a região conjuntamente, temos que ver candidaturas também que não sejam apenas para demarcar posição. Eu acho que uma cidade, uma região como a nossa, tem que construir a possibilidade de ter candidaturas para eleger de verdade, isso é fundamental. Nós vamos ter outras candidaturas a deputado aqui, de outros partidos, e estamos avaliando. Há muitos nomes que se apresentam, mas é aquilo que eu digo, os nomes têm que se colocar para valer, e o nome que se coloca para valer é aquele que trabalha para ser e não aquele que espera uma indicação para virar candidato de cima para baixo e depois achar que o voto cai de paraquedas, o voto é construído no dia-a-dia. E eu falo de cadeira, porque em 1990 eu tinha absolutamente nada, eu era um mecânico em Passo Fundo, recém-formado pela UPF. Eu é que pintava as minhas placas, eu não tinha carro, eu não tinha dinheiro, eu não tinha deputado nem partido para me ajudar a pagar coisa alguma, eu acordava às 5h da manhã todos os dias, isso um ano e meio antes da eleição, eu acordava nesse horário e visitava o interior do município, das 9h às 10h eu ficava todos os dias entregando meu material ali em frente à praça central, eu visitava as escolas, quer dizer, o início de uma caminhada política de qualquer candidato depende da sua vontade, de enxergar a população, de conversar com ela, de ser conhecido, então não tem nada de cima para baixo, não tem o candidato da direção, o candidato dos graúdos, não existe mais isso, hoje o sujeito tem que fazer por merecer e acho que a nossa legenda tem força política e eleitoral, eu tenho um trabalho grande, eu tenho um compromisso enorme aqui, mas o PSB não tem conseguido traduzir todo esse trabalho que eu faço em votos no partido, até na eleição para vereadores, e isso é um quadro que tem que mudar, ou seja, o PSB de Passo Fundo está desafiado a mudar o seu perfil de engajamento, ele está, inclusive por mim, desafiado a mudar o perfil de relação com a cidade e de formação de candidaturas. Nós tínhamos que ter muito mais candidatos a vereador nessa última eleição, isso era tarefa da direção municipal e não foi feito. Fizemos uma aliança, que era estratégica, mas tínhamos que ir para uma aliança com mais candidatos. Então, isso vale ali para Soledade, onde disputamos a prefeitura e quase ganhamos, isso vale para toda a região. Carazinho, onde vamos zerar o PSB e recomeçá-lo, para dar-lhe, de fato, características de engajamento; em Erechim a mesma coisa; Marau, Tapejara, Pontão – onde temos a prefeitura -, Ernestina, onde temos uma ótima liderança, que é a Diná, que está vindo para dentro do meu mandato para ajudar articular a região, ajudar a montar essa estrutura, ajudar a organizar também o PSB aqui regionalmente. Então temos quadros muito bons, bons companheiros, mas um partido não se faz só com bons amigos, ele se faz com apetite, com vontade de trabalhar, com desejo de conquistar um mandato. E eu acho que é isso que nós temos que discutir preliminarmente em toda região.
"O ano de 2010 não deverá ser o ano em que o Rio Grande do Sul vai escolher os que são contra o PT e os que são a favor do PT. Acho que o ano que vem não é uma eleição para dizer quem é de esquerda e de direita no estado. O ano que vem é o ano da competência, o que tem que estar em disputa é o projeto de emancipação do Rio Grande do Sul, cujo déficit pior é o de oportunidades para as pessoas. O Rio Grande do Sul deve muito ao povo"
"O início de uma caminhada política de qualquer candidato depende da sua vontade, de enxergar a população, de conversar com ela, de ser conhecido, então não tem nada de cima para baixo, não tem o candidato da direção, o candidato dos graúdos, não existe mais isso, hoje o sujeito tem que fazer por merecer e acho que a nossa legenda tem força política e eleitoral, eu tenho um trabalho grande, eu tenho um compromisso enorme aqui, mas o PSB não tem conseguido traduzir todo esse trabalho que eu faço em votos no partido, até na eleição para vereadores, e isso é um quadro que tem que mudar, ou seja, o PSB de Passo Fundo está desafiado a mudar o seu perfil de engajamento"