Política da Lealdade

May 30 2005
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Gazeta do Sul – Santa Cruz do Sul

Gazeta do Sul – Santa Cruz do Sul, 30/5/2005
Política da Lealdade
Política se faz com o fio do bigode. Este é o bordão que aprendemos desde cedo aqui no Rio Grande do Sul. A parceria dos deputados da base aliada do governo Lula na Câmara Federal deve ser tanto nas horas boas como nas ruins, no bônus como no ônus. A lealdade é um compromisso de todo aliado e elemento essencial para a sustentabilidade de qualquer governo.

O alto índice de infidelidade na base partidária do governo tem impedido a rearticulação política necessária para dar continuidade à execução do programa aprovado nas urnas em 2002. Paradoxalmente, até mesmo o partido do presidente Lula, o PT, tem contribuído, reiteradas vezes, para a derrota do governo em votações importantes no Congresso.

Foi neste contexto que emiti a frase: “Vai acabar o pão-de-ló e o cafuné para quem quiser jogar contra o governo”, publicada em diversos jornais do País no dia 24, e distorcida pelo professor Valdo Barcelos em artigo da última sexta-feira.

Quando declaro que “tem de acabar essa conversa de verba, de obra”, quero que se estabeleçam metas e projetos capazes de garantir ao governo Lula implementar, com sustentação parlamentar, o projeto para o qual foi eleito. Sem a política de “toma-lá-dá-cá” que, desgraçadamente, marca a história política brasileira.

Lamento o comentário precipitado e, por isso, inconsistente, feito pelo professor sobre minhas declarações. Minha trajetória na vida pública atesta o político que sou. Justamente por achar que a política é um valor maior, na qual se estabelecem projetos, compromissos, posições e convicções é que refuto a política do atendimento a interesses meramente particulares e defendo a política partidária.

Na entrevista dada na Coréia do Sul, durante viagem com o presidente Lula, o sentido das minhas declarações é exatamente o contrário do que afirma o professor. Sempre combati a pior política, critiquei o fisiologismo, o nepotismo e o oportunismo. Refuto a posição daqueles que só apóiam o governo para ocupar cargos públicos. Não é esta a prática política que sempre defendi nem considero que seja este o caminho pelo qual construiremos um Brasil melhor para as futuras gerações.

O que tenho defendido, como sempre, de forma clara e enfática, é a coesão da base do governo como condição fundamental para a implementação das mudanças pelas quais milhões de brasileiros esperam.

Beto Albuquerque/Deputado federal (PSB), vice-líder do governo