Presidente queria briga

Mar 12 2008
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Jornal de Brasília, 12/03/2008

Nos 25 minutos em que participou da reunião do Conselho Político do Governo, ontem de manhã, o presidente Lula reclamou do corpo mole dos aliados no Congresso e cobrou mobilização para votar o orçamento. Segundo os presentes, ele deu sinal verde para que se votasse a proposta mesmo sem acordo com PSDB e DEM, dizendo que "está na hora de medir forças com a oposição". Insistiu ainda em que o Governo precisa "exercer a maioria" e não pode "ficar refém da minoria".

Oito horas depois da cobrança, a base fechou acordo com a oposição para votar o orçamento amanhã à tarde. Mas antes da negociação, Lula reclamara que a base não defende o Governo dos ataques e há aliados "tomando tanto cafezinho com líder da oposição que já devem estar ficando com azia". O comentário foi interpretado como crítica ao líder do Governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que tem negociado à exaustão com PSDB e DEM.

No início da reunião, Lula avisou que faria um desabafo. Disse que os aliados não têm reagido com vigor para impedir que a oposição obstrua votações. E pediu aos líderes que ponham os senadores para votar, pois não dá mais para esperar.

Cartão amarelo
Lula afirmou ainda que a fase da distribuição de cargos acabou e espera o fim dos atritos e a defesa de uma agenda positiva. "O presidente deu cartão amarelo para a base do Governo. O próximo será o cartão vermelho", resumiu o vice-líder do Governo na Câmara, Beto Albuquerque (PSB-RS). "Ele estava bravo e com razão", emendou o do PSB, Márcio França (SP). "Disse que, a partir de agora, teremos de definir quem quer e quem não quer ser governo. Falou assim: 'Se querem espaço, terão de votar'".

Lula repetiu no Conselho que, se o Orçamento não for aprovado, editará uma enxurrada de medidas provisórias para garantir as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Lembrou que, num ano eleitoral como este, o prazo é mais curto, já que a União não pode transferir dinheiro para convênios que não estejam formalizados até junho.

O líder do PDT na Câmara, Vieira da Cunha (RS), não participou da reunião. Segundo sua assessoria, seu vôo atrasou. Um dos presentes contou que Lula quer cobrar o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pois está insatisfeito com a bancada do PDT. Lupi deixou a presidência do partido depois de denúncias de favorecimento a entidades ligadas a ela. Desde novembro, a Comissão de Ética Pública pedia o afastamento de Lupi, apontando conflito de interesses.