Práxis petista

Mar 05 2005
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Zero Hora 

Zero Hora, 05/03/2005

 

Práxis petista

 

 

A reforma ministerial não terá o efeito desejado pelo Planalto se for mantida a práxis petista de centralização do poder. Se o objetivo é ampliar a participação no governo, a cúpula petista terá de ceder ao apelos e permitir nomeações também no segundo e terceiro escalões. Essa é a maior queixa dos aliados durante as negociações que antecedem o anúncio. Eles querem liberdade para nomear os integrantes das pastas que irão ocupar.

É com esse pensamento que passou a ser questão de honra para os aliados a permanência do comunista Aldo Rebelo na Coordenação Política. Atualmente, Rebelo é o estranho no ninho central do governo, majoritariamente integrado por petistas. Sua saída ou transferência para outra pasta comprovará a tese de que o PT não tolera dividir espaço. Pior, pode dificultar o diálogo com os aliados na formação das alianças nos Estados com vistas à reeleição de Lula em 2006.

Uma prova de que os petistas gostam de monopolizar informações e decisões ocorreu na quinta-feira, numa reunião no Planalto para discutir os problemas da seca no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Só parlamentares gaúchos e catarinenses do Núcleo Agrário do PT participaram. Os das demais bancadas não foram avisados, por omissão do chefe do Gabinete do presidente, Gilberto Carvalho. O próprio vice-líder do governo na Câmara Beto Albuquerque (PSB) só ficou sabendo da reunião em cima da hora. Correu até o Planalto, mas quando viu que só havia deputados do PT e representantes da Fetraf (entidade sindical ligada ao partido), sem a presença de agricultores de outras entidades ou deputados de outras bancadas, deu meia-volta.