PSB agora luta por Gaudenzi

Feb 20 2008
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Correio Braziliense, 20/2/2008

Leonel Rocha – Da equipe do Correio

Infraero

Partido apadrinha a permanência do presidente da estatal, ameaçado de
demissão após se desentender com os ministros Nelson Jobim e Dilma Rousseff

A bancada do PSB na Câmara decidiu apadrinhar a permanência no cargo do
presidente da Infraero, Sérgio Gaudenzi, ameaçado de demissão depois de
desentendimentos com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, seu chefe imediato,
e com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef. Dirigente do partido
que ocupa um posto importante na comissão executiva nacional socialista, há
duas semanas ele havia comunicado a sua insatisfação a deputados federais e
ao presidente do partido, o governador de Pernambuco Eduardo Campos. A saída
de Gaudenzi estava certa e a data da sua exoneração chegou a ser negociada
por Jobim com o Palácio do Planalto. Mas a decisão foi adiada.

Gaudenzi foi chamado ontem pelo líder da bancada do PSB na Câmara, Marcio
França(PSB-SP), para uma reunião de avaliação política da situação. Apesar
de não ter sido indicado para o cargo como cota dos parlamentares no governo
e sim por sua relação de amizade com Jobim, Gaudenzi ganhou o apoio dos
deputados socialistas que também formam a base parlamentar do governo Lula
no Congresso e têm 30 votos na Câmara e o senador Renato Casagrande
(PSB-ES). "Por que um técnico competente como o Gaudenzi, depois de ajudar a
organizar o setor aéreo, seria demitido?", questionou o vice-líder do
governo na Câmara, Beto Albuquerque(PSB-RS), um dos mais influentes
parlamentares da bancada.

O PSB teme que a exposição de Gaudenzi ao noticiário sobre a sua saída possa
desgastá-lo ainda mais, inviabilizando uma saída negociada para outro cargo.
Segundo deputados que estiveram com o presidente da Infraero, o ministro
Jobim já teria negociado a permanência de Gaudenzi no cargo com o presidente
Lula. Os deputados estudam a alternativa de enviar uma carta ao Palácio do
Planalto pedindo tempo para que as idéias e o projeto de gestão de Gaudenzi
seja implantado. O temor dos parlamentares é que o presidente da estatal que
cuida dos aeroportos não consiga trocar ocupantes de cargos importantes,
como os de superintendentes regionais, afilhados de dirigentes políticos que
apoiam o governo.

O desgaste de Gaudenzi começou logo depois que assumiu o cargo. Ele foi
contra a privatização do terceiro aeroporto de São Paulo. Agora, o governo
decidiu ampliar o aeroporto de Campinas para servir como terceira opção para
o tráfego aéreo, principalmente internacional. A privatização era uma idéia
defendida por Dilma. Gaudenzi também foi contra a venda para uma
concessionária do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, defendida pelo
governador Sérgio Cabral, do PMDB. O Palácio do Planalto teme que com a
troca de comando na estatal, a bancada do PSB vote contra projetos de lei,
emendas constitucionais e medidas provisórias de interesse do governo.